Costuma-se, por hábito cultural, associar câncer em pessoas do sexo feminino a mamas e colo do útero, entretanto, apenas em 2020, no Brasil, 74.7% das neoplasias em pessoas do sexo feminino foram em outros locais que não mamas ou colo do útero. Entre as mais prevalentes no mundo estão as neoplasias do trato gastrointestinal que, em 2020, representaram 12.7% dos cânceres em pessoas do sexo feminino no Brasil. Existe, de forma clara, desconhecimento desses dados especialmente entre a população que deveria, então, ser informada e conscientizada. Em contrapartida, é crescente o número de campanhas temáticas com meses e cores, que conscientizam repetidamente acerca de um único assunto, enquanto existem outros igualmente alarmantes que também merecem atenção. OBJETIVOS: Evidenciar o padrão de neoplasias em pessoas do sexo feminino, sua epidemiologia e características, a fim de identificar possíveis carências do sistema em ampliar o rastreio e diagnósticos de outras neoplasias. MÉTODOS: Estudo Transversal Descritivo e Retrospectivo dos anos de 2016 a 2020. Foram coletados dados do Sistema de Informação Hospitalar (SIH)/SUS e do Painel-Oncologia, ambos disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram considerados os dados exclusivamente de mulheres referentes às seguintes neoplasias malignas: do cólon; da junção retossigmóide, reto, ânus e canal anal; da mama e do colo do útero, carcinomas in situ da mama e do colo do útero. RESULTADOS: A média de novos casos de câncer em pessoas do sexo feminino, no período de cinco anos de que trata o presente estudo, foi de 63.952,4. Entre as oito patologias estudadas, as neoplasias malignas da mama e colo do útero detém, respectivamente, 55.89% e 20.02% dos casos totais. Em relação à faixa etária dessas pessoas, pessoas entre 55 e 59 anos foram as de maior incidência, com 12.55% dos registros. O padrão das neoplasias de acordo com a faixa etária varia, sendo o cólon o mais acometido entre as pessoas com menos de 20 anos. A neoplasia de colo de útero tem aumento significativo apenas a partir dos 20 anos, permanecendo aumentada até os 34 anos, além de ser a mais prevalente entre pessoas de 25 a 30 anos. Quanto à região do país em que foram feitos esses diagnósticos, o Sudeste detém a maioria deles, 44.79% e o Norte a menor parte, 4.55%. CONCLUSÃO: Há pouca conscientização da população e dos responsáveis por transmitir informação, acerca das neoplasias não mamárias ou uterinas que, com frequência, acometem pessoas do sexo feminino. Estudos mais complexos podem evidenciar os impactos que a baixa conscientização sobre outros locais em que se pode desenvolver câncer têm sobre a população. Faz-se necessário maior disseminação do conhecimento de que outras neoplasias também precisam ser, quando clinicamente proposto, rastreadas e prevenidas.