Transplante de membrana amniótica na ceratopatia bolhosaObjetivos: Avaliar o efeito do transplante de membrana amniótica no alí-vio da dor e melhora dos defeitos epiteliais recorrentes em portadores de ceratopatia bolhosa assintomática e pobre potencial visual. Métodos: Foi realizado estudo prospectivo com 9 pacientes, no período compreendido entre abril/2000 e dezembro/2001 no Serviço de Oftalmologia do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba -HUEC. Pré-operatoriamente, a história médica de cada paciente foi avaliada e exame oftalmológico completo foi realizado. Os pacientes foram avaliados com freqüência maior ou igual a uma vez por semana, incluindo o 1º pós-operatório (PO), 7º PO, 14º PO e 30º PO dia. Avaliação mensal foi realizada até o 6º mês pós-operatório. Resultados: A amostra foi composta por 3 (33,3%) pacientes do sexo masculino e 6 (66,6%) pacientes do sexo feminino, com idade entre 29 e 74 anos. Todos os pacientes apresentavam dor ocular, 7 (77,7%) apresentavam lacrimejamento, 8 (88,8%) pacientes queixavam-se de fotofobia e 4 (44,4%) apresentavam olho vermelho. A acuidade visual no pré-operatório era conta dedos em 6 (66,6%) pacientes, movimento de mãos em 2 (22,2%) pacientes e amaurose em 1 (11,1%) paciente. Após o procedimento, observou-se reepitelização de todos os pacientes entre o 12º e 21º dia pós-operatório. Os pacientes apresentaram melhora da dor e fotofobia após a 1ª semana do transplante de membrana amniótica e permaneceram assintomáticos até o final do seguimento. Conclusão: A membrana amniótica tem potencial para restaurar a superfície corneana em pacientes com ceratopatia bolhosa sintomática, reduzindo a dor desses pacientes em pouco tempo. Contudo, o número de pacientes avaliados é pequeno e o seguimento curto, mas essa terapêutica é uma alternativa que tem nos encorajado, assim como a outros pesquisadores, devido ao excelente resultado obtido.
INTRODUÇÃOCeratopatia bolhosa é uma doença corneana causada por descompensação endotelial, resultando em edema estromal e formação de bolhas epiteliais ou subepiteliais, sendo uma das maiores indicações para ceratoplastia penetrante. Tem como conseqüência diminuição da acuidade visual, dor, fotofobia e lacrimejamento (1)(2)(3) .Esses problemas podem ser explicados pelas mudanças histopatológi-cas no estroma e no endotélio corneano. Sem função endotelial adequada para manter a deturgescência do estroma corneano, a hidratação estromal aumenta, com perda de ceratócitos, e a camada de Bowmann e a membrana basal epitelial atenuam-se ou rompem-se, com eventual perda de glicosaminoglicans no estroma.