“…Ao discutir os princípios do 'descritivismo', formulados primeiramente em Israel e nos Países Baixos, em seus pontos de contato com a 'teoria do escopo', desenvolvida na Alemanha por pensadoras como Katharina Reiß, Hans Vermeer e Christiane Nord ('funcionalismo'), Dizdar fala de "concepções idealizadas de tradução" que, segundo o teórico israelense Gideon Toury, corresponderiam à exigência da "possibilitação de uma impossibilidade" (Ermöglichung einer Unmöglichkeit), calcada na "natureza normativa [aqui: prescritiva] das teorias que, segundo ele, acompanha uma orientação pelo textofonte baseada na superfície linguística" (DIZDAR 2006: 310-311). A autora detecta nos trabalhos de Toury uma certa 'ira' (Zorn), sobretudo diante do fato de que postulados teóricos como a ideia de um "invariante sob transformação" continuavam a ser largamente sustentados ainda na segunda metade do século passado, a despeito da vasta 5 O mesmo raciocínio pode ser encontrado na obra tardia do filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein, notadamente na assim chamada 'parte II' das Investigações Filosóficas (WITTGENSTEIN 2009 [IF]), quando da discussão do conceito de 'percepção de aspectos', em diálogo direto com a psicologia da Gestalt -mas discordando dela em pontos importantes, como o entendimento que a atribuição do sentido a uma forma depende da experiência e da mobilização da vontade, o sentido não podendo ser simplesmente 'extraído' da forma (OLIVEIRA 2015a;. Ainda no âmbito filosófico da discussão, ver também Arley Moreno (1994), cujo argumento é retomado, com aplicação direta na teoria da tradução, em Oliveira & Azize (2021).…”