O presente artigo procura examinar — tendo como pano de fundo as controvérsias do campo do comentário — o tratamento dado por Maquiavel à questão do ‘conflito civil’ posta no cerne de suas Istorie Fiorentine. A partir da compreensão, empenhada na obra, da natureza da história como disciplina do saber e de sua finalidade prática, busca-se observar a dinâmica da ‘divisão civil’ e a oposição entre conflitos facciosos e os conflitos políticos nos episódios evocados. Considera-se ainda, no relato paradigmático da revolta dos Ciompi, no L. III, as motivações passionais e as aspirações republicanas da plebe, bem como as causas de sua reversão em desejo de poder, que reabre o caminho das lutas de facção e da corrupção das instituições da cidade.