Trajetórias Reprodutivas Femininas E Produção Do Cuidado Em Saúde Orientado Às Gestantes Na Cidade De São Leopoldo/Rs: Um Olhar Interseccional

Abstract

Analisaram-se trajetórias reprodutivas de mulheres moradoras debairro periférico de São Leopoldo (RS). Reflete-se sobre como dinâmicas degênero, classe, raça e idade se interseccionam nessas trajetórias e na produçãode cuidado. Foi uma pesquisa qualitativa sobre experiências de gestação deusuárias do pré-natal de uma Unidade de Saúde da Família. Os resultadosmostraram trajetórias reprodutivas diferentes entre as mulheres, sendo queas violências e negligências apareceram mais acentuadas sobre os corposfemininos negros. Referente ao cuidado, aspectos reguladores (re)produzemcertos ideais de maternidade e engajamentos nas realidades das mulheres,com efeitos em sua busca por autonomia reprodutiva.

Transmissão vertical da sífilis: trajetórias femininas em uma perspectiva interseccional

“…Nas realidades das entrevistadas, a gestação contribui para constituir uma rede feminina, particularmente dentro da família, que passa a ser a principal rede de apoio após a descoberta da gravidez, um espaço de acolhida e manutenção socioeconômica (Montiel;López, 2020). Renata, mulher branca de 20 anos conta sobre sua relação com as mulheres da família:…”

Equidade De Gênero E Raça Em Perspectiva Interseccional

“…Este texto é um recorte da pesquisa "Assistência pré-natal, humanização e micropolíticas: um estudo antropológico sobre as experiências de gestantes no contexto do SUS" coordenada pela professora Laura Cecilia López, e inclui o trabalho de Iniciação Científica de Natália Inês Schoffen Corrêa com bolsa Unibic e recorte da dissertação de mestrado de Carolina Pereira Montiel, defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva em julho de 2017 (Montiel, López, 2020 No contexto internacional, a violência obstétrica possibilitou a inclusão de leis específicas de proteção às pessoas gestantes 6 em países da América Latina, como México e Argentina. Outras regiões vêm adicionando o tema em leis mais amplas que regem sobre a violência de gênero.…”

Testes rápidos para HIV/IST e cuidado em saúde na atenção primária na ótica de profissionais e gestantes

“…Observamos ao longa de nossa pesquisa que a centralidade dos cuidados de saúde nas mulheres parecia encobrir uma concepção comum entre profissionais de saúde em diferentes espaços: a de que algumas mulheres, particularmente as racializadas e pobres, supostamente não teriam capacidade para cuidar ou gerenciar sua própria saúde sexual e reprodutiva (Montiel;López, 2020;Robles, 2015a). E é a partir desse ponto que nos referimos ao descrédito como elemento representativo dos discursos.…”

“…Este descrédito reproduzido por profissionais sugere uma cultura naturalizada da sociedade em que o "ser mulher" é identificado com a maternidade e com a reprodução, tanto pelas equipes de saúde quanto para a própria mulher, que tem poucas alternativas de exercer outros papéis e identidades sociais. Acrescenta-se a isso as vivências interseccionadas de raça e classe social, que indicam maternidades mais ou menos credibilizadas e a vivência acentuada de violências e negligências (Montiel;López, 2020). Para Diniz e Guilhem (2008), isso caracteriza uma vulnerabilidade moral da mulher que implica em uma submissão voluntária a uma prática que não necessariamente condiz com o que ela realmente deseja.…”