Trabalho docente, readaptação e saúde: a experiência dos professores de uma universidade pública

Abstract

O objetivo principal deste artigo é analisar, pelo ângulo dos próprios trabalhadores, os sentidos da readaptação na vida dos professores de uma universidade pública, sob o enfoque metodológico da pesquisa qualitativa. Participaram do estudo oito professores readaptados com vínculo estável na universidade, sendo que dois pertenciam ao colégio de aplicação. Quanto à discussão do material, optou-se pelo método de análise do discurso, objetivando interpretar, a partir de sua própria fala e vivência, como os docentes lidam com o fato de serem readaptados. As principais categorias empíricas advindas das análises das falas foram: "Você tem que correr atrás para que seu trabalho seja publicado e ainda ministrar e preparar as aulas"; "A readaptação foi favorável para minha saúde porque saí da sala de aula"; "Aqui há falta crônica de professores"; "O pior do processo de readaptação é o tratamento dado pelos colegas"; "Na perícia central você é muito maltratado". Concluiu-se que a readaptação funcional é um processo gerado por condições coletivas de trabalho como, por exemplo, a sobrecarga de aulas, o que exige a necessidade de intervenções institucionais de caráter coletivo para a promoção de ambientes laborais mais saudáveis.

Perception of nurse managers about the functionally-readapted worker

“…Readjustment is a broad and complex process that affects people's lives. Thus, one must understand the sense of labor leave, considering the effects of the disruption process suffered by the worker (22) .…”

“…However, to avoid this kind of situation, the nursing team and managers must receive him, prepare a reception course in the place where he is inserted, aiming to contribute to a secure and motivating environment. Therefore, this worker must be stimulated to work with self-confidence and self-esteem, without the need to mask his weaknesses to develop activities of daily living (16,22) .…”

Mal-estar, sofrimento e adoecimento do professor: de narrativas do trabalho e da cultura docente à docência como profissão

“…Regarding the naturalization of the problem of teacher malaise, suffering and sickness, studies show teachers find it difficult to perceive the health-disease process at work and take a long time to seek health care services -and when they do it, they present low adherence to treatments and care practices (Biserra et al, 2014;Souza et al, 2014). In addition, teachers do not always value health promotion and prevention and present a culture of problem naturalization to the condition of being a teacher (Arbex;Souza;Mendonça, 2013). In addition, Cortez et al 2017highlight passivity and delegation of responsibilities to third parties when it comes to prevention and promotion of teacher health.…”

A nova organização do trabalho na universidade pública: consequências coletivas da precarização na saúde dos docentes

“…Quanto ao tema da sala de aula, é digno de nota o estudo de Arbex et al 37 , no qual os autores verificaram, por meio de entrevistas realizadas com professores universitários readaptados -quer dizer, docentes afastados das funções de sala de aula por motivo de saúde -, que deixar a sala de aula foi considerado positivo para a saúde, visto que a relação com os alunos, aquilo que um dia foi motivo de prazer, pode tornar-se fonte de sofrimento e insatisfação no trabalho depois de um certo tempo. Os autores constataram ausência de percepção crítica, por parte dos professores entrevistados, a respeito do processo de trabalho como fator de adoecimento.…”