RESUMO -Racional -A exenteração pélvica tem sido a melhor opção terapêutica radical para o tratamento dos tumores de reto T4. No entanto, essa operação ainda permanece com mortalidade significante e alta morbidade. exenteração infra-elevadora (n = 6), exenteração supra-elevadora (n = 4), exenteração posterior (n = 3) e exenteração posterior com cistectomia e ureterectomia parciais (n = 2). Resultados -A média de tempo cirúrgico foi de 403 minutos (280-485). A média de sangramento foi de 1620 mL (300-4800). A mortalidade pós-operatória foi de 6,66% (n = 1). A morbidade pós-operatória foi de 53,3% (n = 8). Os exames histológicos evidenciaram que todas as ressecções foram R0. Envolvimento linfonodal foi observado em quatro pacientes (26,66 %) sendo que todos faleceram em decorrência da neoplasia. A sobrevida global em cinco anos foi de 35,7%. Conclusão -A exenteração pélvica ainda apresenta alta morbidade, no entanto permanece justificada, pois pode conferir maior controle do câncer de reto T4 em longo prazo. DESCRITORES -Exenteração pélvica. Neoplasias retais.
INTRODUÇÃOA primeira exenteração pélvica foi reportada por Brunschwig no ano de 1948. Coube a esse autor a descrição da técnica que consistia na remoção de todos os órgãos pélvicos, tanto do aparelho reprodutor quanto do aparelho urinário, além do cólon sigmóide e reto com a realização de ureterosigmoidostomia (3) . BRICKER et al.(1) melhoraram esse procedimento por meio do uso de um segmento ileal para confecção da derivação urinária, assim a ureteroileostomia cutânea era posicionada no lado direito do abdome, enquanto a colostomia permanecia à esquerda (1,2,8) . Enquanto a exenteração supra-elevadora preserva o assoalho pélvico, a exenteração infra-elevadora, por sua vez, envolve a ressecção da porção inferior da vagina, vulva ou períneo, incluindo o ânus e uretra. A exenteração supra-elevadora tem sua maior indicação para os tumores pélvicos que não envolvam o aparelho esfincteriano, podendo desta forma, estar associada a maiores índices de conservação esfincteriana. Em contrapartida, a exenteração infra-elevadora é habitualmente reservada para os casos em que ocorra o envolvimento dessas estruturas ou para casos de tumores pélvicos volumosos que impossibilitem uma abordagem exclusivamente por via abdominal (11) .As exenterações pélvicas têm sido indicadas para o tratamento de diferentes neoplasias pélvicas, tanto primárias quanto residuais ou ainda mais raramente recurrentes. Embora historicamente tenham sido descritas para o tratamento do câncer de colo uterino avançado, essas operações têm sido preconizadas para o tratamento de tumores localmente avançados de reto, endométrio, vagina, vulva ou mesmo bexiga urinária. Em situações especiais, pode ser indicada ainda para o tratamento do câncer recurrente de ovário ou, excepcionalmente, para correção de fístulas complexas pós-radioterapia (7) . Estima-se que até 5% dos tumores primários do reto apresentem aderências que envolvam a bexiga urinária, a próstata, os anexos ou a vagina. Em contrapartida, a próp...