Tornar-se esposa, fazer-se mulher: o casamento estabelecendo gênero nas relações conjugais de mulheres trans/travestis

Abstract

O relacionamento amoroso de duas mulheres trans/travesti com seus respectivos parceiros é o mote central deste artigo para discutirmos gênero e conjugalidade. A particularidade dos casos que trago se impõe no fato de que os cônjuges não as assumem publicamente, dando, portanto, um caráter subterrâneo a seus amores. Outro ponto central é o ofício de prostituta das duas mulheres. Desse modo, temos por um lado, corpos ocultados na rede relacional dos namorados e a prostituição como eixos tensionadores da relação, gerando uma dinâmica ímpar de conjugalidade. Os exemplos etnográficos trazidos farão viço na discussão das negociações dos casais: como estabelecem limites, como percebem a relação e como se conduzem no subterrâneo. Toda essa dinâmica passa a nos revelar também que o processo central de tornar-se esposa, para as mulheres trans/travestis, é parte fundamental no processo de fazer-se mulher.

“Jesus Cristo é a maior onda!”: juventudes evangélicas e as vicissitudes da fé

“…De imediato, seguindo Henning (2016) e Zampiroli (2018), podemos afirmar que é explícito como todos os relatos aqui em tela indicam de modo amplo as pressões morais no contexto cristão para que os jovens venham a concretizar determinados acontecimentos biográficos em suas próprias vidas tidos como imprescindíveis para a felicidade e realização pessoal: casamento, reprodução, conquista profissional, família, longevidade, relação geracional, etc. São sensibilidades juvenis fortemente estimuladas por "teleologias heteronormativas" (HENNING, 2016, p. 367), em que a visão da linearidade heterossexual do curso da vida torna-se fundamental para a significação e explicação das experiências biográficas.…”

“É uma vida esquisita, um pouco esquisita, mas boa”: entrevista com o parceiro de uma travesti em Paris

“…É importante destacar que tais trabalhos foram publicados na primeira década dos anos 2000. Outros trabalhos relevam mais diferentes afetos e o amor nos relacionamentos, como o de Zampiroli (2018).…”

Attachment, Jealousy, and Conjugal Violence

“…In contrast (STILL), a study conducted in Nicaragua, with 199 men and 201 women, to evaluate predictors of violence between intimate partners, identified that possessive jealousy was not associated with violence (Buunk&Massar, 2019), evidencing inconsistencies in the literature. Jealousy is socially interpreted as a form of caring (Zampiroli, 2017) and this kind of understanding minimizes the severity of its manifestations, such as controlling the partner's behavior.…”