Stephen J. Ball é um dos mais renomados pesquisadores do campo da política educacional na atualidade. Até julho de 2015, ele ocupou a cátedra de Karl Mannheim Professor of Sociology of Education na UCL-Institute of Education (Londres). A partir de setembro de 2015, tornou-se Distinguished Service Professor of Sociology of Education. É membro da British Academy for the Humanities and Social Science (Academia Britânica de Humanidades e Ciências Sociais). Stephen J. Ball possui uma vasta lista de publicações 2. Esta entrevista foi realizada em Londres, no dia 21/09/2015. As questões foram divididas em três seções: questões epistemológicas de Política Educacional, preparação de futuros pesquisadores e elaboração de artigos de política educacional. JM: Em 2010, foi criada a Red Latinoamericana de Estudios Epistemológicos en Política Educativa (ReLePe) 3. O principal objetivo dessa rede é promover estudos teóricos e epistemológicos de política educacional. Qual sua opinião sobre o desenvolvimento dos estudos teóricos de política educacional? Há ainda lacunas relevantes? SJB: Penso que teoria é muito importante para o estudo de política. Precisamos de mais teoria, e de teoria de melhor qualidade. Penso que a maioria das análises de políticas, agora e historicamente, não tem sido muito sofisticada teoricamente ou, de fato, em muitos casos não é embasada por teoria alguma. Isso significa que muitas das análises de políticas importam para seu trabalho pressupostos implícitos sobre como o mundo funciona, sobre o que é a política, sobre o trabalho dos formuladores de políticas, sobre processos políticos-essas coisas são consideradas banais, elas não são discutidas-há um humanismo não reflexivo, um positivismo simples, uma ingenuidade sobre a linguagem-e isso significa que distorções são construídas na forma como as pessoas pensam e pesquisam…, pensam sobre a pesquisa em políticas. Por exemplo, eu penso que a maioria das análises de políticas é dominada por um pressuposto implícito, não discutido, de racionalidade, de que os processos de políticas são racionais, de que é um processo ordenado, coerente. E eu penso que isso traz distorções ao trabalho empírico