Avaliações da função visual são muito complexas por dependerem de mecanismos aferentes, eferentes e cognitivos, além de fatores externos à pessoa examinada, como o tipo de estímulo e o de sua apresentação. O exame da acuidade visual é discutido em seus aspectos formais de definições, quantificações (critérios de medição de um ângulo e tamanho dos optotipos), notações (decimal ou fracionárias), escalas (representando relações angulares, lineares, logarítmicas) e unidades em que os valores são expressos (recíproca do minuto de arco, número puro, freqüência espacial, decibéis e oitavas). Como conseqüência, referências numéricas sobre a acuidade visual e operações que as envolvem (p.ex., cálculo de valores médios, determinação de variações, relações entre elas) podem levar a interpretações muito diferentes e até opostas num mesmo estudo, dependendo dos critérios nele empregados. A avaliação da acuidade visual é, muito provavelmente, o procedimento mais comum entre todos os usados em Oftalmologia. De fato, embora não seja o único dos parâmetros de desempenho funcional do sistema visual, o índice com que se quantifica a capacidade de discriminação de formas e contrastes é o que mais genericamente exprime sua adequação. Diretamente relacionado à transmissão de luz pelas diferentes estruturas oculares, apresenta-se menor, tanto em qualquer dos processos que afetem a transparên-cia delas (nébulas e leucomas corneais, cataratas, opacificações do corpo vítreo), ou impeçam a chegada do estímulo à retina (p.ex., ausência ou ectopia da pupila), quanto na imperfeita formação de imagens pelo sistema óptico ocular (ametropias e aberrações). Basicamente dependente do funcionamento da retina e vias visuais, aparece também reduzida em toda a afecção dessas estruturas (descolamentos, degenerações, inflamações e cicatrizes da parte central da retina, neurites ópticas ou comprometimentos de axônios relacionados às células ganglionares da fóvea, lesões afetando o córtice visual ou outras partes, etc.), ou quando o próprio desenvolvimento das competências neuronais se faz imperfeitamente (ex., ambliopia).Mas não bastassem todos esses fatores, chamados aferentes, pelos quais atuam estímulo (luz e sua chegada à retina), sensação (a transformação do estímulo em sinal neural), transmissão pelas vias próprias, percepção (a decodificação dos sinais da sensação e sua transformação numa imagem mental) e cognição (o entendimento do significado dessa imagem), a medição da acuidade visual ainda requer uma resposta, subordinada a de elementos eferentes, completando um ciclo de altíssima complexidade. Assim, o registro de um valor de acuidade visual depende não apenas da percepção (cujos componentes são estudados no campo da Oftalmologia), mas também da cognição e de sua resposta (mais comumente investigadas