O câncer pancreático é diagnosticado com baixa frequência em gatos, tendo como diagnósticos diferenciais pancreatites e adenomas. Foi atendido uma gata de 3 anos de idade, sem raça definida, com hiporexia, prostração e dor epigástrica. Pelo ultrassom de abdome observou-se uma formação sólida e contornos irregulares em região hipogástrica direita, vascularização ao doppler, sem plano de separação com duodeno e efusão abdominal. Foi realizada a Tomografia Computadorizada, onde confirmou-se a presença de área tumoral de 9 cm caudal ao processo caudado do lobo hepático, em íntimo contato com as veias esplênica e porta. A paciente foi submetida a pancreatectomia parcial para diagnóstico morfológico e alívio. O material extraído foi fixado em formaldeído e o diagnóstico morfológico inicial foi carcinoma indiferenciado padrão sólido. Posteriormente, realizou-se a imuno-histoquímica para definição da histogênese, sendo positivo para os marcadores AE1AE3, CDX2, CK8 ̸ 18, CK20 e Ki67 para prognóstico, que favoreceram carcinoma pancreático sólido acinar, com 80% das células em divisão celular. Iniciou-se o tratamento com quimioterapia adjuvante doxorrubicina e carboplatina alternadas a cada 28 dias. Após 4 meses de tratamento a paciente ganhou peso, se manteve ativa, com normorexia, mas verificou-se recidiva tumoral com carcinomatose em peritôneo. Foi associada a quimioterapia metronômica com prednisona diariamente e ciclofosfamida em dias alternados. O tratamento instituído foi bem tolerado pela paciente e parece ser uma opção no controle desse tipo de doença. O baixo número de diagnóstico e escassez de informações nas literaturas, limitam as opções de tratamento e possibilidades terapêuticas. O adenocarcinoma pancreático acinar é de ocorrência rara entre os felinos, com grandes chances de metástase e sobrevida de dias a poucos meses após o diagnóstico.