ResumoNo quadro da investigação científica sobre rádio, os últimos anos têm dado a conhecer inúmeras abordagens sobre o significado de uma post-radio (Oliveira & Portela, 2011), isto é, a definição de um conjunto de questões que se colocam à inclusão da rádio contemporânea em ambientes digitais e online. Esta migração digital tem vindo a proporcionar o desenvolvimento das aplicações móveis das rádios, como o alargamento das potencialidades comunicativas (Aguado, Feijoo & Martínez, 2013), de audiências, de convergência de conteúdos interativos entre ouvintes-utilizadores. Conscientes desta oportunidade, as principais emissoras da Espanha e Portugal alargaram o universo da radiofonia à plataforma móvel, com especial atenção aos telefones inteligentes, através do desenvolvimento de aplicações móveis (apps) (Cerezo, 2010). Os smartphones, como símbolo de uma cultura em permanente mutação, sugerem não apenas uma maior facilidade no acesso e interação, mas acrescentam grandes possibilidades para a difusão de conteúdos entre audiências, o que estudos têm designado por user distributed content (Villi, 2012). O presente artigo apresenta uma análise exploratória sobre as políticas atuais das principais rádios espanholas e portuguesas nas aplicações móveis, avaliando o grau de interação e participação mobilizado nessas plataformas. Durante a observação, conclui-se, entre outros dados, que a plataforma móvel representa um canal suplementar para a rádio tradicional FM, mais que um novo meio com linguagem e expressividade próprios.
Palavras-chaveMobilidade; aplicações móveis na rádio; interatividade; participação; partilha de conteúdos Introdução A cultura tecnológica de imersão na portabilidade (Kischinhevsky, 2009) remonta ao início do século XXI, com a expansão da telefonia móvel, um fenómeno que se redimensionou com a democratização de múltiplos dispositivos portáteis. Netbooks, e--readers, tablets e, sobretudo, smartphones integraram-se no quotidiano, embora com diversos níveis de uso e de apropriação (Dearman & Pierce, 2008). Neste contexto de convergência digital, definiu-se um novo meio social, móvel, aberto e interconectado (Weinberger, 2011). Desde o lançamento do iPhone (2007) os smartphones registaram uma expansão importante que os posiciona como o novo motor da chamada "sociedade da informação" (Cerezo, 2010), numa utilização a nível mundial que se calcula em 72% dos utilizadores móveis, perante os 84% registados em Espanha e os 40% em Portugal (AMETIC & Acenture, 2014;ANACOM, 2014).Estes dispositivos contam com funcionalidades que transcendem o próprio conceito de terminal telefónico, assumindo, porventura, um papel de ecrã social, expansivo