“…A iconografia da manifestação continha indubitáveis referências a um republicanismo em ascensão, porém recolhia, sobretudo, de maneira muito explícita, os rostos de numerosas vítimas da repressão de retaguarda e do franquismo, demarcados com conclamações à justiça universal e ao fim da impunidade 29 . Como assinala o escritor e dramaturgo chileno Ariel Dorfman, as imagens dos desaparecidos já são "imagens enormemente divulgadas da tragédia e também da firmeza, tendo se incorporado ao nosso imaginário (planetário) de maneira não menos eficaz do que as ubíquas marcas e logotipos comerciais que, porém, transmitem uma mensagem muito diferente" (Dorfman, 2006). Dada sua força iconográfica e seu potencial de transgressão visual -como sublinha este autor -, elas representam a resposta mais adequada aos desaparecimentos, enquanto subvertem as políticas de invisibilização das vítimas.…”