“…O ator Angelo Beolco (1496-1542) e seu célebre personagem Ruzante, em Pádua, ou a cena rústica e antiacadêmica da Congrega dei Rozzi em Siena se afirmaram, sintomaticamente, num momento em que as duas cidades "perdem autonomia política e cultura e sentem sua identidade linguística ameaçada pelas metrópoles regionais Veneza e Florença" (FOLENA, 1991, p. 132-133). 17 Estudos musicológicos identificaram, por exemplo, no uso do verso proparoxítono denominado em italiano sdrucciolo, uma marca de caracterização ética (GERBINO, 2004). A constituição de uma modalidade de alteridade centrada na fala popular e dialetal se deu sobre um terreno de tensões e disputas políticas na Península Itálica, no qual a literatura e a arte tiveram grande importância como instância de elaboração e veiculação simbólica (DIONISOTTI, 1999, p. 158-159).…”