Voltaire, que era deísta, critica incisivamente os cristãos em vários de seus escritos. Contudo, uma de suas acusações pode estar correta, se suas premissas forem verdadeiras: ele assevera que os cristãos dualistas ?? ou seja, os que creem que nossos corpos são comandados por uma alma imortal através do cérebro ?? são incoerentes porque o livro que seguem ?? a Bíblia, a qual ele desprezava ?? não contém tal conceito, especialmente em sua porção hebraica. Ele assevera que o ensino do Antigo Testamento é monista?? ou seja?? a ??alma???? ou mente?? acontece no próprio corpo enquanto vivo, sem o auxílio de uma entidade imaterial, eterna e independente do corpo. Ele insinua ainda que o conceito de alma imortal entre os cristãos teria surgido cerca de dois mil anos depois da época do Pentateuco, advindo da filosofia grega e se infiltrado no cristianismo. Para verificar a veracidade dessas afirmações específicas de Voltaire, este artigo discorre sobre o conceito de mente e corpo na Bíblia e como ele era compreendido entre os hebreus na antiguidade. Também são analisadas as implicações da crença da alma imortal sobre a fé e a sobre a saúde mental, caso Voltaire tenha razão nesse assunto.