“…4-5), no qual o fenômeno da Guerra Fria, se não atuou necessariamente como o fator determinante na formulação das ciências sociais ao ditar e constranger rumos e caminhos, certamente agiu como um "campo de força intelectual" (Gilman, 2016), exercendo mais ou menos atração a determinados projetos e atores da área no período. 10 Um desses aspectos, objeto ainda raro de pesquisas históricas no país, foi o papel 10 Gilman (2016, p. 514), em esforço para sintetizar a literatura, estabelece quatro níveis de atração desse campo de força que a Guerra Fria exerceu sobre cientistas e ciências sociais: i), os que trabalharam diretamente nos problemas da luta da Guerra Fria, perseguindo ferramentas intelectuais para vencer o comunismo (exemplos: teoria dos jogos da RAND, os teóricos da modernização como Edward Shils, Lucian Pye e Walt Rostow); ii), aqueles não diretamente envolvidos com as batalhas da CW, mas cujos fundamentos teóricos e metodológicos estavam em ressonância com a agenda da Guerra Fria (exemplos: aqueles cold warriors que viajavam o mundo, com bolsas, cujos trabalhos foram instrumentalizados, deformados ou ressignificados para apoiar a agenda da Guerra Fria); iii), conexão mais tênue, sem uma ligação direta com os traços políticos ou ideológicos da agenda política, mas que pode ser rastreada como originária ou derivada de oportunidades que foram criadas pela Guerra Fria acadêmica; e iv), uma contra-narrativa que ressalta as resistências de uma produção de pensamento que mais declaradamente buscou enfrentar, desafiar os paradigmas da Guerra Fria (exemplos: Karl Polanyi, que entidades não governamentais e intelectuais estrangeiros tiveram ao estabelecer diálogos e participar do processo de institucionalização das ciências sociais no Brasil (Canêdo, 2018;Cattai, 2018;Chaves, 2018;Rodrigues, 2020). Entre outros elementos, a relação desse processo de diferenciação acadêmica com a Guerra Fria se estabelece ao percebermos que, conforme aponta Rodrigo Patto Sá Motta (2014, pp.…”