Há vários desafios envolvidos na regulação dos serviços de transporte público. Em primeiro lugar, é necessário desenhar e integrar a rede de transportes de modo a explorar economias de escala e densidade. Uma rede otimizada de transportes envolve o planejamento integrado do investimento em infraestrutura e expansão dos diferentes modais, bem como a introdução de um sistema de integração tarifária intermodal. É conveniente também, sob o ponto de vista social, a criação de corredores exclusivos de ônibus. Isto garante que a potencial redução do tempo de viagem proporcionado por um sistema de transportes otimizado não seja anulada pelo excesso de veículos particulares, incentivando assim a opção pelos transportes públicos.Em segundo lugar, as falhas de mercado que permeiam o setor de ônibus urbano exigem a atuação do governo na condição de regulador 1 . Em um ambiente de livre concorrência, o equilíbrio competitivo levaria a uma entrada excessiva de firmas e o estabelecimento de tarifas acima do custo marginal. O número excessivo de ônibus, por sua vez, acarretaria externalidades negativas associadas à poluição e aos custos de congestionamento. Para corrigir (ou minimizar) estas ineficiências, o governo deve atuar na regulação das condições de acesso ao setor, assim como na regulação tarifária. Ademais, especificações de qualidade dos veículos e tecnologia devem ser impostas de modo a reduzir as externalidades ambientais e melhorar a qualidade do serviço.A situação dos transportes públicos nas regiões metropolitanas brasileiras mostra que os poderes públicos não souberam responder aos desafios do setor. A expansão dos diferentes modais de transportes _trens, ônibus e metrô _ se deu de forma não integrada, comprometendo a racionalidade do sistema e impedindo a exploração de economias de escala e densidade. A má qualidade dos serviços dos ônibus urbanos atestam ainda as falhas de regulação. O resultado destas ineficiências está expresso nos artigos publicados neste dossiê sobre mobilidade urbana. Valéria Pero e Vitor Mihensen mostram que uma proporção significativa da população das regiões metropolitanas, e em especial as populações das regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e de São Paulo, gastam mais de uma hora em seus deslocamentos casa-trabalho. Esta situação atinge principalmente os habitantes