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PrefácioCelebram-se no presente ano de 2012 duas décadas da publicação do P. Oxy. 3965, que veio confirmar a reputação de Simónides como intérprete notável da resistência helénica nas lutas contra os Persas. Desde esse ano de 1992, o 'Novo Simónides', como de imediato passaram a ser designados os fragmentos papirológicos então revelados, nos quais a batalha de Plateias parece ocupar lugar de relevo, tornou-se objecto das leituras mais distintas e interessantes. O estudo que agora se publica -graças ao incentivo generoso de amigos, de colegas, dos meus mestres, da Coordenadora Científica do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos, Professora Doutora Maria do Céu Fialho, e do Director da Classica Digitalia, Professor Doutor Delfim Ferreira Leão -é fruto da investigação realizada durante uma boa parte deste período cronológico e corresponde, com pequenas alterações, à dissertação de doutoramento apresentada à Universidade de Coimbra em Novembro de 2005.Ao longo de vários anos procurei cumprir um sonho antigo de estudar com rigor e persistência a lírica grega do período arcaico. A eleição de Simónides como figura central deste trabalho devo-a ao Professor Doutor José Ribeiro Ferreira, meu orientador pedagógico de várias edições da cadeira de Literatura Grega. A Professora Doutora Maria Helena da Rocha Pereira, que aceitou orientar este estudo e o acompanhou até à sua conclusão, sugeriu a segunda linha de pesquisa: enquadrar o caso particular de um poeta de fama excepcional, e do qual haviam sido publicados recentemente fragmentos papirológicos, numa situação geral e pouco estudada, a mobilidade dos líricos arcaicos.A mobilidade poética não é um fenómeno exclusivo da Época Arcaica nem tipicamente grego, mas inscreve-se numa tradição enraizada na própria 10 maneira de ser do povo grego. Assim, no capítulo de introdução comento os testemunhos literários mais antigos sobre a existência de poetas itinerantes, os Poemas Homéricos e a obra de Hesíodo, que nos permitem caracterizar a actuação dos aedos, mas alarguei esse estudo à tradição dos rapsodos, que fizeram da mobilidade um modo de vida e continuavam activos no tempo de Xenofonte e Platão.O plano da investigação previa o estudo da mobilidade dos líricos arcaicos sob duas vertentes: o exame das motivações principais desta prática e das condições em que se efectuava. Desta pesquisa resultou a primeira parte da dissertação. Em termos gerais, constitui uma reflexão sobre as condições de trabalho dos antecessores e contemporâneos de Simónides. No entanto, dada a escassez de fontes ou a falta de fi...