Estudou-se o sistema porta hepático do bagre africano Clarias gariepinus Burchell, 1822, sob o ponto de vista da anatomia macroscópica e microscópica, utilizando-se várias técnicas anatômicas, que envolveram anestesia, injeção de substâncias recomendadas ao estudo do sistema vascular (látex, nanquim, cloreto de polivinil e substância radiopaca), dissecação, corrosão ou radiografia, conforme a exigência de cada técnica, como meio de compreensão da anatomia vascular do fígado deste peixe. Foram utilizados 16 exemplares do sexo feminino, com comprimento total entre 45 e 53,5 centímetros e massa corpórea entre 575 e 1068 gramas. Para a execução dessas técnicas, os peixes foram devidamente anestesiados com benzocaína, garantindo a narcose profunda e evitando qualquer tipo de sofrimento a eles. Os resultados obtidos com essas técnicas mostram que o fígado de Clarias gariepinus ocupa a cavidade abdominal cranial e apresenta uma lobação bem definida, sendo constituído por dois grandes lobos, denominados direito e esquerdo, conectados cranialmente por uma ponte dorsal à transição entre o esôfago e o estômago. O lobo esquerdo apresenta-se ligeiramente maior que o contralateral. Em suas extremidades caudais, os lobos esquerdo e direito formam um ápice pontiagudo, de formato triangular, que continua tenuemente através de um istmo eminentemente vascular que liga esses ápices a dois outros lobos, chamados acessórios direito e esquerdo, bem menores que os demais, e que ficam seqüestrados em um recesso peritoneal, lateral à cavidade abdominal. Os resultados indicam ainda que o sistema porta hepático de Clarias gariepinus está representado por duas veias portas principais denominadas direita e esquerda, levemente assimétricas em diâmetro, que drenam o sangue das vísceras abdominais (baço, estômago, vesícula biliar, intestino e gônadas) através dos tributários viscerais desse sistema. Ainda, devido a uma situação peculiar dos lobos acessórios, definem-se mais duas veias portas secundárias ligadas às principais e designadas igualmente por acessórias, uma esquerda e outra direita. Ambas as vv. portas principais se ramificam, atingindo o hilo da face visceral, enquanto que as vv. acessórias penetram por uma região restrita do lobo. Através de ramos interlobares, ambas as vv. portas principais se anastomosam no parênquima hepático. A v. porta esquerda, com discreto aumento de diâmetro, forma-se pela terminação da v. intestinal, concomitante à desembocadura da v. gastrointestinal e da v. porta acessória esquerda. A v. porta direita se define pela terminação da v. intestinal cranial, simultaneamente à chegada da v. porta acessória ipsilateral, drenando sangue do intestino médio, estômago e vesícula biliar. Nessa espécie, também estão caracterizados dois sítios de comunicação entre o sistema porta hepático e o sistema porta renal através de anastomoses em cada v. porta. Sob as condições em que o trabalho foi desenvolvido e considerando-se a metodologia proposta e a análise dos resultados, conclui-se que todos os métodos foram adequados ...