A repetição das emoções agenciadas pela necropolítica (MBEMBE, 2018) deixa escapar as intensidades com as quais são produzidas respostas transformadoras para "dobrar a linha e constituir uma zona vivível onde seja possível alojar-se, enfrentar, apoiar-se mutuamente, respirar -em suma, pensar" (DELEUZE, 1992). Na performance Corpofronteira, a dobra da linha acontece na micropolítica do gesto que se alia ao ambiente a partir de uma respiração difícil, árida e densa. Experienciada numa zona sensível e paradoxal entre o isolamento físico, o testemunho do desmatamento ambiental e os dados de morte por coronavírus neste país, pergunta-se, através da prática, como criar vínculos vitais face ao deserto que nos incita abrir caminhos a mundos outros. Tal processo de criação, inerentemente fabulativo, compreende que se trata de dar passagem às existências menores ante o passado que ainda pulsa e perturba a memória de nossos corpos expropriados da farsa brasileira.