Esse artigo discute a experiência dos participantes do Sindicato dos Trabalhadores/Trabalhadoras Rurais (STTR) de Inhapi, município localizado no Sertão de Alagoas, Nordeste do Brasil, no período de transição entre a ditadura civil-militar e o advento da Nova República. Nesse contexto, a ação de católicos próximos à Teologia da Libertação, em particular através das pastorais e das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), aproximou-se dos debates da reforma agrária, do novo sindicalismo e das mobilizações em favor da redemocratização. Em termos temporais, esse estudo toma como ponto de partida o ano de 1984, a partir da análise dos registros das ações, experiências e posicionamentos da nova diretoria eleita para o STTR/Inhapi. Recorte estendido até 1986, quando alguns desses sindicalistas participaram das iniciativas de mobilização para a criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O exame das fontes – escritas e orais –, revelam como as sementes do novo sindicalismo e dos movimentos sociais do campo atuaram em favor do direito a terra, à justiça social e à democracia. Nesse sentido, as experiências desses sertanejos ajudam a compreender meandros dos horizontes de expectativas políticas, sociais e sindicais do cenário nacional no contexto do final do século XX.
Palavras-chave: novo sindicalismo, reforma agrária, sertão.