“…Hoje, a relação humanidade-natureza selvagem é um tanto rara e o que vemos, na verdade, é uma relação entre o homem e a natureza que ele transformou, isto é, entre o ser humano e a natureza socializada, transformada por ele mesmo. (JEZIORNY, 2015) Portanto, visto que o metabolismo humanidade/natureza é mediado por uma forma de organização sócio-histórica do processo de trabalho, ao tratar da apropriação espacial ou da riqueza natural que serve de condição inalienável de existência humana, acabamos impelidos a tratar da técnica empregada, uma vez que é por seu intermédio que acontece a interação entre o ser humano e a natureza por ele transformada e ressignificada especialmente em função da episteme da modernidade (eivada, portanto, pela ideologia burguesa). No entanto, necessário reconhecer também que o papel da técnica em nossas vidas vai além da simples mediação com a natureza, ou seja, não podemos interpretar a questão tecnológica como se fosse uma esfera distinta, praticamente autônoma da vida societária, isto é, uma dimensão independente das relações sociais e das estruturas de poder que lhe amparam e determinam.…”