Terra, violência e conflito na formação territorial brasileira: Tensões territoriais na Ruptura Política (2015-2019)

Abstract

O presente artigo analisa a violência no campo ao longo de nossa formação histórico-geográfica, sobretudo no período da Ruptura Política (2015-2019). O objetivo é entender a violência que aumentou significativamente na atual conjuntura. Para isso, lançamos mão de uma periodização da história de larga duração que nos habita, desde o encobrimento/descobrimento das Américas à atualidade, mostrando como a violência se apresenta de modo estrutural na conformação das relações sociais e de poder na sociedade brasileira. Em seguida, passamos a uma análise empiricamente documentada de como esse processo vem se dando desde os anos 1980, com base (1) no modo como as terras são usadas; e (2) na análise dos conflitos no campo através dos dados da CPT. Por fim, discutimos a centralidade e a atualidade da questão (da reforma) agrária no Brasil.

A Geografia que propõe ao Brasil

“…Compreender o caráter questionável da conclamada Independência brasileira requer o diálogo com conhecimentos geográfi cos. Cresce a importância da Geografi a na elucidação do movimento das grandes corporações que expremem, controlam e humilham a classe trabalhadora nos campos, nas águas, nas fl orestas e nas cidades. Também no desvendamento da atuação do Estado, junto ao capital privado, por meio de projetos de desenvolvimento calcados na extração de bens naturais, da saúde e dignidade humanas (Harvey, 2008;Thomaz Júnior, 2017;Porto-Gonçalves, 2020).…”