Abstract:A intenção deste ensaio é promover uma reflexão crítica acerca das articulações entre terceirização, saúde e algumas possíveis formas de resistência nos contextos laborais contemporâneos. Para tal, serão apresentados resultados de pesquisas realizadas com trabalhadoras e trabalhadores subcontratados de uma universidade pública brasileira. Foram feitos encontros coletivos, entrevistas semiestruturadas e elaboração de diários de campo pelos pesquisadores envolvidos. Os resultados apontam que os subcontratados vi… Show more
“…No entanto, clubes e empresários negam direitos trabalhistas e adotam práticas abusivas com atletas profissionais e não profissionais (Zainaghi, 2004). Hoje, o Brasil apresenta aspectos sociopolíticos que marcam um processo de precarização do trabalho e perda de direitos (Guimarães & Ferreira, 2020).…”
Esta pesquisa objetiva compreender as narrativas de atletas profissionais do futebol a partir de conceitos da psicodinâmica do trabalho, identificando vivências de prazer e sofrimento no trabalho e suas estratégias de defesa. Para isso, foram aplicadas duas técnicas de coleta de dados com profissionais do esporte: entrevistas semiestruturadas e Lego® Serious Play.Também participaram da pesquisa outros atores presentes no cenário do futebol, como empresários, mães de atletas e técnicos. A análise do material qualitativo foi feita sob as diretrizes de Johnny Saldaña. Os resultados indicam que essa categoria de trabalhadores está exposta a práticas de gestão produtivistas. Os atletas adotam estratégias defensivas para lidarem com o sofrimento; entretanto, em alguns momentos, tal sofrimento pode desencadear patologias. A qualidade do trabalho exercido no esporte indica o nível da cooperação, pois, apesar de ser um ambiente competitivo, quando os atletas conseguem estabelecer vínculos e confiança no trabalho do outro, cria-se um espaço prazeroso, em que a cooperação fortalece o coletivo.
“…No entanto, clubes e empresários negam direitos trabalhistas e adotam práticas abusivas com atletas profissionais e não profissionais (Zainaghi, 2004). Hoje, o Brasil apresenta aspectos sociopolíticos que marcam um processo de precarização do trabalho e perda de direitos (Guimarães & Ferreira, 2020).…”
Esta pesquisa objetiva compreender as narrativas de atletas profissionais do futebol a partir de conceitos da psicodinâmica do trabalho, identificando vivências de prazer e sofrimento no trabalho e suas estratégias de defesa. Para isso, foram aplicadas duas técnicas de coleta de dados com profissionais do esporte: entrevistas semiestruturadas e Lego® Serious Play.Também participaram da pesquisa outros atores presentes no cenário do futebol, como empresários, mães de atletas e técnicos. A análise do material qualitativo foi feita sob as diretrizes de Johnny Saldaña. Os resultados indicam que essa categoria de trabalhadores está exposta a práticas de gestão produtivistas. Os atletas adotam estratégias defensivas para lidarem com o sofrimento; entretanto, em alguns momentos, tal sofrimento pode desencadear patologias. A qualidade do trabalho exercido no esporte indica o nível da cooperação, pois, apesar de ser um ambiente competitivo, quando os atletas conseguem estabelecer vínculos e confiança no trabalho do outro, cria-se um espaço prazeroso, em que a cooperação fortalece o coletivo.
“…Esse aspecto contribui para que muitos empregos permanentes se transformem em sazonais ou em trabalho intermitente (Antunes, 2018). Um estudo realizado numa universidade pública brasileira, sobre trabalhadores terceirizados do setor da limpeza, demonstra que esses profissionais vivenciam situações de exclusão, discriminação, sentimento de invisibilidade, falta de reconhecimento, sobrecarga e outras injustiças (Guimarães & Ferreira, 2020). Numa outra pesquisa, sobre operadoras de caixa em supermercados, verificou-se que o seu trabalho é pouco valorizado e que existem poucas possibilidades de transformar o sofrimento em vivências de prazer (Mélou et al, 2021).…”
Section: Qualidade Total Versus Saúde Do Trabalhadorunclassified
O principal objetivo deste texto é apresentar uma perspectiva crítica aos efeitos das técnicas de gestão empresariais sobre a saúde dos trabalhadores. Sabemos que o trabalho é um elemento central na vida das pessoas, porque, entre outros aspetos, a subsistência humana depende maioritariamente do fator trabalho. Essa é uma dimensão ética que tende a ser ignorada no universo laboral contemporâneo. As modernas técnicas de gestão, nomeadamente, a intensificação do trabalho, a qualidade total, a avaliação individual de desempenho, o aumento da precarização, a gestão pelo estresse ou a terceirização estão a destruir as relações sociais de trabalho e, consequentemente, a saúde dos trabalhadores. O adoecimento por via do trabalho é um problema social grave e a sua resolução parece difícil de alcançar, pelo menos nos tempos mais próximos, caso não se alterem profundamente as atuais técnicas de gestão empresariais.
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