Terapia Comportamental Infantil: um panorama sobre o uso de estratégias lúdicas

Abstract


 A terapia infantil baseada nos princípios da Análise do Comportamento tem passado por avanços teóricos e conceituais, que a levaram a abranger contextos mais amplos do que apenas o comportamento problema, abordando comportamentos privados e aumentando a participação da criança no processo terapêutico. A utilização de estratégias lúdicas é uma forma de auxiliar a inclusão da criança na terapia, tornando o processo mais divertido e dinâmico, facilitando a obtenção de dados relevantes, entre outros benefícios. A presente pesquisa investigou o uso das estratégias lúdicas por terapeutas comportamentais infantis por meio de um formulário. Participaram da pesquisa vinte e sete psicólogos analistas do comportamento que atuam no contexto infantil. Os resultados indicaram que os participantes utilizam ampla variedade de recursos desde a intervenção até o encerramento da terapia, com objetivos relacionados à expressão emocional, fortalecimento do vínculo terapêutico, entre outros. Tais dados corroboram a literatura clínica no que tange à importância da utilização de recursos lúdicos em sessão e de objetivos bem estabelecidos para tais recursos, pautados na avaliação funcional de cada caso.

“Sou incapaz porque sou gorda”: relato de caso acerca da influência de práticas culturais gordofóbicas sobre sentimentos de inadequação e incapacidade

“…As sessões ocorreram na modalidade on-line, via aplicativo de chamada de vídeo e tiveram duração de aproximadamente cinquenta minutos cada. As intervenções foram realizadas com base na Terapia Analítico-Comportamental (TAC), que é a prática clínica fundamentada no Behaviorismo Radical, e que utiliza os princípios básicos da Análise Experimental do Comportamento (Leonardi, 2015;Medeiros, 2002;Moskorz et al, 2012;Neno, 2003;Rodrigues & De Luca, 2019). Durante o início do processo de psicoterapia foram realizadas entrevistas com roteiro semiestruturado e/ou com livre estruturação (perguntas abertas), elaborado a partir das proposições de Silveira (2012), Marmo (2012), Conte e Brandão (2012), e Silvares e Gongora ( 2006) e análises funcionais acerca dos comportamentos relatados pela cliente como queixa, sobre os quais buscou-se identificar cada componente do comportamento (situação antecedente, atividades ou ações do organismo e situação subsequente) e suas relações, bem como identificar regularidades de ocorrência dos comportamentos e alterações ambientais mantenedoras das atividades ou ações apresentadas pela cliente.…”

Interfaces entre as psicoterapias comportamentais e a cultura

“…Posteriormente, grande parte dos modelos denominados de CBA foram também rotulados de terapias comportamentais contextuais (ou terapias cognitivo-comportamentais de terceira onda; S. Hayes, 2004) nos Estados Unidos da América. No Brasil, intervenções comportamentais voltadas ao tratamento clínico de demandas de saúde mental foram desenvolvidas paralelamente aos modelos estadunidenses desde a década de 1970 e são reconhecidos sobre os rótulos de Terapia Analítico-Comportamental (TAC) e Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR; Leonardi, 2015).…”

“…Em virtude do sucesso da AEC em explicar inúmeros fenômenos comportamentais em laboratório, intervenções baseadas em AC começaram a ser desenvolvidas a partir da década de 1960 para pacientes institucionalizados (S. Hayes, 2004;Leonardi, 2015). Ainda que incipientes na época, uma das principais características destas primeiras aplicações práticas da AC era sua fundamentação em estudos clínicos (Hofmann & S. Hayes, 2019).…”

“…Enquanto no contexto internacional foi possível observar a transição entre essas "ondas" de terapias, no Brasil, a partir da década de 1970, modelos de tratamento analítico-comportamentais foram criados para trabalhar com comportamento verbal e demandas complexas em psicoterapia (Guilhardi, 2012). Os tratamentos comportamentais brasileiros, em específico a TAC e a TCR, foram se desenvolvendo pela extrapolação dos princípios skinnerianos para a prática clínica para dar conta das deman-das que envolviam operantes complexos, como as classes de comportamento verbal (Leonardi, 2015). Embora ainda carentes de evidências e sistematização (Leonardi, 2016), estes modelos brasileiros foram precursores do uso ampliado da AF como ferramenta de avaliação e intervenção de clientes não-institucionalizados no Brasil.…”