Sustentabilidade vem de berço: aceitação de um serviço ecoeficiente para a composição do quarto infantil

Abstract

Este artigo apresenta os resultados de uma investigação sobre a aceitação de um serviço ecoeficiente hipotético para o reuso do mobiliário do quarto infantil. O mobiliário do quarto infantil tem uso de curta duração e passa por constante renovação para acompanhar o desenvolvimento do bebê e da criança. Sugere-se então, um serviço ecoeficiente como solução para reduzir os impactos deste consumo de móveis. Serviços ecoeficientes são considerados como inovações na economia, que por meio de ciclos de reuso, podem tornar o sistema de produção e consumo mais sustentável. Estes sistemas baseiam-se na transferência da propriedade do consumidor para o produtor, o qual será responsável por manter a ecoeficiência de produção e pela extensão da vida útil do produto. Pesquisas afirmam, no entanto, que a aceitação de serviços desprovidos de propriedade, pelo consumidor, enfrenta barreiras e está sujeita à influência de diversos fatores. A partir da literatura e de questionários aplicados ao consumidor, esta pesquisa identificou os fatores influenciadores e distinguiuos em fatores materiais e fatores psicossociais. Dentre os fatores materiais mais relevantes encontrou-se: a relação de custo-benefício, a adequação do serviço ao uso e a responsabilidade pelo destino do produto. Identificou-se como fatores psicossociais mais relevantes: o valor simbólico do novo, e o valor da sustentabilidade. Concluiu-se, a partir da análise dos fatores apontados pelos respondentes, que há uma atitude positiva em relação aos serviços ecoeficientes.Palavras-chave. Serviços ecoeficientes; Aceitação pública; reuso; mobiliário; quarto infantil. IntroduçãoAo longo dos últimos 60 anos a humanidade vem se tornando cada vez mais consciente da crise socioambiental e dos limites do planeta. Literalmente, é sentido cada vez mais na pele os efeitos das mudanças climáticas, da poluição atmosférica, do acúmulo de resíduos e da falta de recursos básicos para o sustento da vida humana. Desde a década de 1960, com o surgimento do movimento ambientalista, diversos setores da sociedade vêm reivindicando uma mudança no atual modelo de vida, produção e consumo. Neste período de tempo, a sociedade civil, políticos, ambientalistas, entre outros, se reuniram para pensar em soluções capazes de reverter os efeitos da crise socioambiental. Foram definidas agendas, normas ambientais, e cunhou-se o conceito de desenvolvimento sustentável e de sustentabilidade.Mesmo estando consciente desta crise em todo este tempo, a humanidade está longe de ter atingido o modelo de desenvolvimento que se propôs para sustentar a população atual e as futuras, dentro de padrões mínimos de qualidade de vida.Autores como Guattari (1990) e Manzini ( 2008) afirmam que somente uma descontinuidade sistêmica, uma ruptura com o modelo atual de produção e consumo, pode levar de fato a uma sociedade sustentável. Esta descontinuidade implica numa demanda por um bemestar no mundo profundamente diferente do contexto atual.