Subjetividade em risco

Abstract

Ao fim e ao cabo esboçamos apenas uns riscos. (...) o tempo apagará para sempre o que fomos até não termos sido nada. E as palavras que deixarei são provisórias como todas as palavras que se pronunciaram no mundo." António Lobo AntunesRESUMO Trata-se de investigação crítica da Atenção Primária à Saúde no neoliberalismo. Realizamos uma genealogia dos discursos em torno da subjetividade e do risco, a partir de dois dispositivos de gestão da subjetividade e do risco ligados ao arcabouço internacional da medicina de família, o Método Clínico Centrado na Pessoa e a Prevenção Quaternária, e entrevistas com autoras e autores dessas ferramentas e de reflexões sobre o governo neoliberal do Estado e da saúde. Reconhecendo o papel da Atenção Primária para a qualificação e universalização dos sistemas públicos de saúde, apontamos como práticas consideradas racionais e científicas podem reproduzir modelos reduzidos e empresariais de subjetividade e risco e a necessidade de inventar outras biopolíticas antineoliberais, mais abertas à diferença e ao cuidado.