RESUMO -As flutuações motoras (FM) decorrentes do uso prolongado de levodopa são uma das principais complicações do tratamento da doença de Parkinson (DP). A utilização da apomorfina, um potente agonista de receptores dopaminérgicos, associada ao domperidone para bloquear seus efeitos eméticos, surge como uma alternativa para contornar as FM dos parkinsonianos. Para adquirirmos experiência inicial com essa droga, decidimos estudar a ação e os efeitos adversos da apomorfina em um grupo de quatro pacientes do nosso ambulatório com o diagnóstico de DP e com flutuaçãoes de rendimento da levodopa. A apomorfina foi administrada por via subcutânea, sendo obtido o estado "on" em todos os pacientes com doses entre 1,5 e 3 mg por aplicação. A latência para o início do efeito variou de 7 a 30 minutos e a duração da ação de 60 a 85 minutos. O estado "on" produzido com a apomorfina foi indistinguível do observado com a levodopa, inclusive com a ocorrência de discinesias. Não foram observados efeitos colaterais significativos. Nossa experiência inicial mostra que a apomorfina, em doses relativamente baixas, é uma alternativa eficaz para as FM da DP, com poucos efeitos colaterais. PALAVRAS-CHAVE: doença de Parkinson, tratamento; apomorfina, uso terapêutico; levodopa, efeitos adversos.Apomorphine: an alternative in the management of motor fluctuations of Parkinson's disease SUMMARY -Levodopa-induced motor fluctuations (MF) is a disabling complication of Parkinson's disease (PD) and is usually refractory to conventional treatment. Apomorphine, a dopamine agonist with affinity for both Dl and D2 receptors, has been emerged as an useful alternative in the management of MF of PD. The frequency of nausea and vomiting prevented its use in the past, but the simultaneous administration of domperidone has proved to be able to control these side effects. Although apomorphine has been successfully used to control levodopa-induced MF in other countries, it has not been considered in the management of PD in Brazil. We report here our initial experience with subcutaneous injections of apomorphine combined to oral domperidone. We administered apomorphine in doses ranging from 1.5 to 3 mg in four PD patients with MF of our outpatient clinic. All the doses administered switched the "off state to a motor response qualitatively similar to what is seen in the "on" phase induced by levodopa, including the occurence of dyskinesia. The latency to turn "on" after apomorphine ranged from 7 to 30 minutes and the duration of the response ranged from 60 to 85 minutes. We observed yawning in all four patients, labial paresthesia in one patient and an inespecific unpleasent sensation in another patient. These side effects were not significant in our four patients.Our data show that the use of apomorphine adds a reliable and effective strategy in the management of MF of PD patients.