No final da década 1980, as cidades de Porto Alegre e Montevidéu, além de compartilharem ondas de redemocratização institucionais globais, também vivenciavam experiências de aprofundamentos societais da democracia. Em 1989, na capital gaúcha, surgia uma exitosa proposta de democratização da democracia com o Orçamento Participativo (OP); no ano seguinte na capital uruguaia, era proposta a ideia de descentralizar e democratizar o governo local, com a Descentralização Participativa (DP). Em ambas as experiências, um partido de massas ascende pela primeira vez ao governo municipal: a Frente Ampla (FA), em Montevidéu, de 1990 até o presente, e o Partido dos Trabalhadores (PT), em Porto Alegre, no período de 1989 a 2004. A partir dessas características surge a seguinte questão: partidos de massa potencializam ou diminuem a participação da sociedade civil (apartidária)? Respondemos essa questão buscando elementos em comum nos dos partidos e nas cidades de Porto Alegre e Montevidéu. A análise tem como referências fontes secundárias e fontes primarias (entrevistas realizadas, nas duas cidades, a participantes das instituições participativas).