O objetivo do artigo é analisar as expectativas de residentes de vilas rurais quanto à dendeicultura no Nordeste Paraense, Amazônia brasileira, particularmente, sobre a noção de inclusão social veiculada por políticas públicas federais que visam a produção de agrocombustíveis. A pesquisa foi realizada por meio de um levantamento do tipo survey com atores-chave em 346 vilas em cujos arredores cultiva-se dendê entre 2015 e 2022. Uma tipologia foi considerada segundo a relação de moradores das vilas com a dendeicultura, com quatro tipos, quais sejam: i) vilas com assalariados na dendeicultura; ii) vilas com agricultores integrados à dendeicultura; iii) vilas com agricultores integrados e assalariados; e iv) vilas cujos moradores não têm relação direta com a dendeicultura. Considerando os tipos, levantamos e caracterizamos as vantagens e desvantagens que os moradores atribuem à dendeicultura e qualificamos também as percepções quanto a infraestruturas disponíveis. Os principais resultados mostram semelhanças e diferenças nas suas percepções independentemente das relações com a atividade. Para eles, a dendeicultura apresenta vantagens em relação à geração de emprego e renda e à melhoria de infraestruturas. As principais desvantagens são os problemas ambientais decorrentes da atividade, a perda de terras com a expansão de monocultivos, os riscos relativos à disponibilidade de alimentos e os desencontros entre as promessas e a realidade.