Slam: literatura, marginalidade e resistência

Abstract

Esta pesquisa focaliza o fenômeno cultural e literário denominado como slampoetry slam, spoken word -, principalmente no contexto da cidade e do estado de São Paulo. A pesquisa propõe o seguinte o percurso: história, referenciais teóricos e análises. A abordagem histórica remonta ao início das batalhas de poesia em Chicago, nos Estados Unidos (EUA), na década de 1980, em busca das origens das competições poéticas, cuja figura principal é Marc K. Smith. Num segundo momento, tem-se a história do slam no Brasil, sendo a cidade de São Paulo a primeira a abrigar eventos desse tipo, a partir do trabalho de Roberta Estrela D'Alva e do ZAP! Slam. Encerra-se o primeiro capítulo com a observação das relações entre slam, hip-hop e saraus, por meio da concepção de marginalidade que permeia tais literaturas. O capítulo dois expõe os fundamentos teóricos de performance e literatura; esse referencial se articula com a ideia de subalternidade de Spivak (2010), cujo intuito é subsidiar as abordagens e análises literárias que se realizam no capítulo três. Embora haja poemas em todas as seções, no terceiro capítulo são feitas análises mais focadas em aspectos estéticos e temáticos encontrados nos slams; nesse momento do trabalho, variadas reflexões são ensejadas pelas peças poéticas. O método de trabalho híbridoobservações presenciais nos eventos, análise de vídeos e pesquisas bibliográficaspropiciou a construção de um olhar sobre a consolidação do fenômeno em diferentes dimensões. Nesse sentido, pode-se afirmar que o slam, no Brasil, se estabeleceu inicialmente no contexto paulista e se expandiu para quase todo o país; atualmente, há mais de duzentas batalhas de poesia em âmbito nacional. Por fim, as últimas considerações reforçam que tal fenômeno literário-cultural é profícuo e possibilita que poetas produzam e divulguem sua poesia, em forma de competição, mas em tom de amizade e companheirismo. As batalhas resistiram a um difícil período de pandemia e, ainda assim, continuam em crescimento, o que sugere a força das comunidades de slam. Dois apêndices, ao final do trabalho, fornecem um conjunto de informações sobre coletivos e poetas de São Paulo, dados que podem servir como ponto de partida para quem pretende conhecer e/ou estudar o fenômeno.