Ser professor de música de projeto social: narrativas musicobiográficas

Abstract

Este trabalho é um recorte de uma pesquisa de Mestrado concluído, no Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade de Brasília (PPGMUS-UnB), cujo objetivo constituiu-se em compreender o que é ser professor de música, no bojo de projetos sociais. O trabalho dialoga com pesquisadores da área de Educação Musical em projetos sociais, com foco na qualidade da formação/constituição do docente. O referencial teórico parte de conceitos inerentes ao ensino de música e suas implicações na aprendizagem, em uma perspectiva mais transformadora que reprodutiva, como Biografização na contemporaneidade e com reflexões sobre processos de constituição do sujeito e os conceitos de Lugar. A pesquisa se inscreve na perspectiva teórico-metodológica (Auto)Biográfica, cuja fonte foi uma entrevista, dessa natureza, com o professor de música Valdécio Fonseca, idealizador do projeto social “Música e cidadania”, realizado em Varjão (DF). A análise interpretativa prioriza a subjetividade do sujeito, a observação dos processos de reflexividade do agir e narrar sobre si do colaborador da pesquisa. Ao fazer uma escuta atenta, da palavra dada pelo professor, que aqui configura-se como de um outro-Autor, o professor Valdécio fez emergir, emseus discursos narrativos, as posturas, as escolhas, as tomadas de decisões e sua avaliação sobre acontecimentos escolhidos e narrados por ele. As conclusões indicam uma epistemologia do sujeito biográfico, o qual enlaça, nas narrativas da experiência, as razões e emoções capazes de levar um professor de música de projeto social a fazer o que fez. Napesquisa (auto)biográfica em Educação Musical, o professor não conta como faz, mas o que fez de sua vida.

Movimento (Auto)biográfico Da Educação Musical No Brasil:

“…Estudar os caminhos percorridos e a percorrer dentro de perspectivas (auto)biográficas, por pesquisadores/as da área da Música, tem sido uma tarefa Röpke; Monti (2021). Além disso, Almeida (2019) havia sinalizado diferentes encaminhamentos dados pelos/as autores/as por ela estudados ao termo (auto)biografia: modalidade de pesquisa (ABREU, 2011;ALVES, 2015;FIGUEIRÔA, 2017;GAULKE, 2013;LOPES, 2014;NETO, 2014;VIEIRA, 2017), perspectiva teórico-metodológica (SILVA, 2016;VIEIRA, 2017;WEBER, 2014), método (FIGUEIRÔA, 2017;RASSLAN, 2014;VIEIRA, 2017) e/ou como técnica, ferramenta de pesquisa (FIGUEIRÔA, 2017;SILVA, 2016). (ABREU, 2022, p. 4).…”

Memórias com a música em ambientes informais e religiosos: diálogos com processos formativos

“…e como ocorre a formação do educador musical em campo(GAULKE, 2013), por exemplo. São pesquisas que, somadas a outras tantas nos últimos anos(ABREU, 2011;ALVES, 2015;LOPES, 2014;RASSLAN, 2014;TAVARES, 2017;VIEIRA, 2017; WEBER, 2014 e outros), têm contribuído para a edificação de novos sentidos para a formação do professor de música: que bebe do passado, projeta-se no futuro e reflete no presente; que se permite dançar entre os sujeitos em formação, esses ditando o seu ritmo dialogado com o currículo, por exemplo.Espera-se que o artigo contribua com o debate sobre as implicações de abordagens (auto)biográficas em processos formativos de professores, sobretudo, nas inter-relações…”