A história ambiental da Amazônia é caracterizada como um centro de domesticação independente de plantas, dentre elas, a mandioca dos índios (Manihot esculenta Crantz). Por meio da produção de conhecimento etnográfico, combinado à pesquisa bibliográfica referente ao tema, discute-se, no presente artigo, o processo de domesticação do gênero Manihot a partir das narrativas de diferentes povos originários do atual ente federado do Amapá/Brasil, histórica fronteira do setentrião amazônico que separa o Brasil do território ultramarino francês. O diálogo com os saberes e narrares originários pode nos levar a percepção da insuficiência do arcabouço conceitual proposto na domesticidade, para aprofundamento no tema da apropriação de plantas para benefício humano. As narrativas alcançadas no texto demonstram um nível de complexidade e cadeia de inter-relações que não é óbvia para o fazer científico ocidental, demonstrando que o cultivo e o desenvolvimento de diferentes variedades de plantas, dentre os povos indígenas, demandam outros aportes conceituais ainda não contemplados na domesticidade.
Palavras-chave: Manihot esculenta. Domesticação de plantas. Amazônia amapaense.