Tendo em vista o campo da cultura, observamos a produção contínua de formas de leitura e significação do mundo, de narrativas históricas diversas que buscam conferir sentido às experiências dos sujeitos no tempo, atingindo de forma heterogênea os diferentes grupos e instâncias de uma sociedade. Diante deste cenário, este artigo se propõe a situar a dimensão pública de práticas educacionais articuladas ao ensino de História, desenvolvidas a partir de um projeto de extensão formulado em torno de acervos documentais localizados no Centro de Memória-Unicamp (CMU). O referido projeto buscava promover a aproximação entre professores e estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental de escolas públicas de Campinas e o CMU, envolvendo a possibilidade de utilização de documentos arquivísticos em atividades de ensino da história local a partir da temática do patrimônio cultural. Pudemos experienciar situações de produção de conhecimento histórico educacional, o que também nos permitiu reflexões sobre as relações entre ensino de História e História Pública. A disponibilização de variadas fontes documentais pertencentes ao acervo do CMU, paralelamente às análises e discussões partilhadas com os professores, abriu caminho para o exercício de leituras plurais relativas à história da cidade e de seus diferentes grupos sociais, entre eles as mulheres. Foram desenhadas possibilidades de maior contato com a diversidade de experiências humanas se movimentando nos espaços urbanos. A dimensão pública do ensino de História, como também o caráter público das frentes de divulgação do conhecimento histórico por meio do CMU tornaram-se mais visíveis em vista do reconhecimento de sua potencialidade de participação nas disputas de narrativas nos espaços coletivos, fazendo parte de modo ativo e criativo da produção da cultura, bem como da memória social.