Saúde bucal na gestação: percepções e práticas da gestante na Estratégia Saúde da Família

Abstract

A gestação é um período que pode predispor ou agravar algumas alterações bucais, uma vez que é caracterizado por mudanças hormonais, fisiológicas e psicológicas complexas. Apesar disso, o atendimento odontológico pré-natal ainda é negligenciado. Este estudo descritivo, transversal e de natureza quantitativa teve por objetivo analisar percepções e práticas das gestantes que utilizam os serviços de pré-natal de uma Unidade de Saúde da Família (USF) de Itabuna (BA) acerca da saúde bucal durante a gestação, bem como sobre o atendimento odontológico no decorrer do período gestacional. Em 2019, entrevistadores previamente treinados aplicaram questionário único a todas as gestantes residentes na área de abrangência da USF. Utilizou-se o programa estatístico IBM SPSS® Statistics versão 21.0 na análise descritiva. Para verificar a normalidade dos dados foi realizado o teste Kolmogorov-Smirnov, e para o teste de correlação dos dados não-paramétricos foi utilizado o coeficiente de correlação de postos de Spearman, adotando valor de p < 0,05. Dentre as 51 gestantes incluídas neste estudo, 92,2% nunca participaram de atividades educativas sobre saúde bucal na gestação, 76,5% não fizeram nenhum tipo de acompanhamento odontológico pré-natal, 70,6% consideraram que a gestação provoca problemas periodontais e 64,7% afirmaram que a gestação é responsável pelo aparecimento de cáries. Além disso, 94,1% das participantes afirmaram que gostariam de receber mais informações sobre como cuidar melhor da saúde bucal e 64,7% responderam que não existem restrições para a realização dos atendimentos odontológicos durante a gestação. Houve correlação estatisticamente significante entre as condições de saúde e a renda ( = 0,291 e p = 0,038), e entre escolaridade e renda ( = 0,434 e p = 0,01). Ficou evidente a necessidade de uma melhor inclusão da odontologia no cuidado pré-natal da Estratégia de Saúde da Família (ESF), uma vez que o reconhecimento da importância da saúde bucal na gestação, tanto pelos profissionais da equipe quanto pelas mulheres grávidas, é fundamental para um cuidado integral nesse período singular da vida da mulher.

Conhecimento e práticas dos profissionais de Saúde sobre saúde bucal na primeira infância

“…Semelhante a presente pesquisa, um estudo com 34 cirurgiões-dentistas, 31 médicos e 26 enfermeiros inseridos nas unidades de saúde da rede pública do município de Araraquara -São Paulo, 82,8% dos profissionais responderam que a primeira visita ao cirurgião-dentista deve acontecer desde o nascimento 22 . Dados que também corroboram com Oliveira et al 12 em que a 56,3% acreditam que a época ideal para primeira consulta é de 0 a 1 ano.…”

“…No questionamento se os micro-organismos que podem causar a cárie podem ser transmitidos de mãe para filho, 61,4% acreditam que pode ser. Já em estudo com médicos residentes, atuantes em Fortaleza-CE, 53,1% disseram que não era transmitida de mãe para filho 12 . A presença do patógeno Streptococcus mutans associado com uma má higiene bucal e uma alimentação rica em açúcar é um fator de risco para desenvolver a cárie, vale ressaltar que os hábitos saudáveis relacionados à higiene bucal e alimentação são transmitidos de pais para filhos 7,25 .…”

“…No que tange os hábitos bucais deletérios, na presente pesquisa 100% assinalaram ter conhecimento de que possam interferir na arcada dentária. Em um outro estudo a taxa de conhecimento sobre hábitos deletérios foi de 71,9% 12 . Esses hábitos podem trazer alterações na arcada dentária e nos dentes, no padrão muscular e na oclusão dos pacientes, além disso, a chupeta e mamadeira também podem levar ao desmame precoce, pois pode ocorrer uma confusão de bicos entre elas e o peito da mãe 10,26 .…”

“…Em relação às práticas de saúde bucal, neste quesito observamos que 90% dos profissionais orientam sobre o aleitamento materno, seguidos de 54,3% abordam a higienização bucal, 47,1% falam sobre hábitos deletérios, 28,6% sobre a introdução do açúcar e no que tange a avaliação odontológica, 68,6% disseram que as crianças não passam por avaliação. No estudo com médicos residentes de Fortaleza-CE, 81,3% orientam a redução do açúcar para as crianças, 84,4% orientam sobre a remoção dos hábitos deletérios e 78,1% encaminham para a equipe de saúde bucal 12 . É importante uma interação entre os profissionais de saúde e a equipe de saúde bucal para alinhar as práticas de saúde bucal em cada setor.…”

“…A respeito dos conhecimentos e práticas de profissionais de saúde sobre a importância da saúde bucal na primeira infância, a literatura relata desconhecimento e conhecimento regular dos profissionais com relação a aspectos importantes sobre promoção de saúde bucal na primeira infância 12,13 .…”