O presente texto demonstra a mudança de posição do uso do esquema de contraponto (schema) intitulado Romanesca, ao longo do século XVIII. A trajetória de sua utilização passa de procedimento de abertura temática para posições diversas na estrutura do repertório instrumental e vocal. Aparentemente, a sua recorrência, sobretudo neste último caso, sugere implicações tópicas que, paulatinamente, lhe retiraram a forte conotação de fórmula de abertura musical, pertencente ao repertório setecentista, o chamado Estilo Galante, tal como apresentado e explicado por Robert Gjerdingen. O artigo concentra-se na constatação dessa variabilidade de uso e sugere que no processo de amadurecimento de seu uso, a Romanesca pode ter sido um expediente de construção sintática com direcionamento a sentidos diversos, conforme o projeto criativo em que estivesse inserida.