A Bacia do Rio Doce é reconhecida como hotspot para conservação com elevada diversidade biológica e sociocultural. A região ficou marcada pelo rompimento da barragem do Fundão, em 2015. Nesse contexto, realizou-se avaliação bibliométrica das publicações na Bacia do Rio Doce, desde 1969 a julho de 2020, verificando as mudanças ocorridas, principais áreas estudas e lacunas de conhecimento. A análise da Bacia do Rio Doce foi feita de forma quantitativa, enquanto a análise das publicações referentes à ictiofauna e pesca foi realizada de forma qualitativa. Os resultados mostram a mudança de foco entre as pesquisas realizadas na Bacia do Rio Doce, após o rompimento da barragem. Em relação a ictiofauna, evidencia-se o grande número de espécies descobertas no alto e médio rio Doce, bem como o impacto da introdução de espécies exóticas, em contraste com escassas pesquisas sobre a atividade pesqueira. Inversamente, nos sistemas costeiros e estuarinos, há pesquisas sobre atividades pesqueiras, em contraponto com o baixo número de pesquisas sobre diversidade da ictiofauna. Há consenso sobre a gravidade do dano causado pelo rompimento da barragem do Fundão, conforme os estudos relativos à contaminação revelam os efeitos danosos à ictiofauna em toda a extensão da Bacia do Rio Doce, bem como nos sistemas costeiros e estuarinos. Por fim, o impacto sobre a pesca é apontado ligado à contaminação, proibição de pesca, desvalorização do pescado, dificuldade de reparação e reconhecimento do dano causado. Fatores agravados pelas baixas condições sociais, falta de infraestrutura, e baixo investimento na pesca artesanal em detrimento de grandes obras.