“…Inicialmente atribuído à complexidade da derivação dessas sentenças no modelo gerativo de então, o custo relativamente alto do processamento dessas estruturas passa a ser caracterizado em função das demandas que a presença do argumento interno do verbo em posição de sujeito possa trazer, seja em função do tipo de heurística de processamento utilizada, seja em função na necessidade de manter o sujeito ativo até que o complexo AUX(ser)+Particípio seja identificado como indicador de que o papel de tema/agente deve ser atribuído ao sujeito(CORRÊA & AUGUSTO, 2013; LIMA JUNIOR & CORRÊA, 2015).Uma série de estudos(FERREIRA, 2003; MESSENGER, BRANINGAN & MCLEAN, 2012;LIMA JÚNIOR, 2016) têm demostrado que a atribuição de papel de agente a um sujeito com traço [+animado] pode dificultar a compreensão, seja devido à atribuição imediata do papel de agente/experenciador ao sujeito da sentença, como heurística de processamento(BEVER, 1970; TOWNSEND & BEVER, 2002), seja como uma estratégia de minimização de custo, do tipo good enough(FERREIRA, 2003), acarretando erro.Crianças em idade escolar apresentam mais dificuldade em sentenças passivas reversíveis (i. e. em que os papeis de agente e tema seriam intercambiáveis entre sujeito e complemento do verbo) comparadas com ativas reversíveis e passivas não reversíveis, em tarefa de identificação de imagem(CORRÊA, 2012). O custo de processamento dessas estruturas pode ser, contudo, atenuado em contextos discursivos em que uso da passiva atenda a condições de felicidade (O'BRIEN, GROLLA E LILLO-MARTIN, 2006) e em que o sujeito da passiva mantenha o tópico do discurso (LIMA JÚNIOR e CORRÊA, 2020).A demanda do processamento de passivas não parece ser, contudo, restrita à reversibilidade de papéis temáticos.…”