RESUMO -Relatamos o caso de uma paciente de 78 anos, com diagnóstico estabelecido de síndrome das pernas inquietas (SPI), de etiologia primária com herança autossômica dominante. A paciente apresentava quadro depressivo associado. Enfatiza-se a piora do quadro clínico da SPI após o uso de anti-depressivo com ação inibidora seletiva da recaptação de serotonina (mirtazapina), com atenuação dos sintomas após a retirada da droga, e a excelente resposta terapêutica com o uso de agonista dopaminérgico (pramipexol) em baixa dose. PALAVRAS-CHAVE: síndrome das pernas inquietas, mirtazapina.Worsening of autosomal dominant restless legs syndrome after use of mirtazapine: case report ABSTRACT -We report the case of a 78 years old female patient with primary restless legs syndrome (RLS) with an autosomal dominant pattern of inheritance. In addition, the patient also had depression. We emphasize the worsening of symptoms of RLS after the use of a selective serotonin uptake inhibitor (mirtazapine), with improvement after the drug was discontinued, and an excellent recovery with the use of low dose dopaminergic agonist (pramipexol).KEY WORDS: restless legs syndrome, mirtazapine. . Um grande interesse nesta enfermidade vem sendo observado recentemente, talvez pela sua alta incidência, de até 5%, na população em geral segundo alguns estudos 1,2,4 . A falta de informação dirigida aos médicos e também o fato da sua fisiopatologia ser ainda pouco compreendida contribuem para que seja uma doença sub-diagnosticada. É caracterizada, sumariamente, pela sensação de inquietude, noturna e ao descanso, dos membros inferiores, associados a queixas de parestesias e disestesias. A insônia é uma consequência comum destes sintomas. Trata-se de doença crônica, com maior prevalência acima dos 30 anos de idade [1][2][3][4] . Porém, pode ocorrer em todas as faixas etárias. A classificação da SPI ainda é motivo de controvérsia, sendo basicamente dividida em duas categorias: idiopática (primária) e sintomática (secundária). Nas formas primá-rias pode-se encontrar formas familiares com herança autossômica dominante 1,3,4 . Neste artigo relatamos um caso da SPI com herança autossômica dominante, bem como peculiaridades do tratamento, em particular a piora do quadro clínico após o uso de droga inibidora seletiva de captação de serotonina (mirtazapina) e a excelente melhora clínica após tratamento com droga agonista dopaminérgico (pramipexol).
CASOMulher, branca, com 78 anos de idade, viúva. Há 2 meses começou apresentar sensação de desconforto e parestesias nos pés, pernas e coxas, semelhantes a "formigamento", "queimação". Esses sintomas pioravam com a