Respeitável Público, O Sentido Do Trabalho Para O Artista Circense Vai Começar!

Abstract

Este artigo tem como objetivo a compreensão do sentido do trabalho para os artistas circenses. Visando atingir o objetivo delineado, realizou-se uma pesquisa qualitativa, de natureza exploratória, através da qual foi realizado um estudo de caso em uma organização circense. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas e observação não participante, abrangendo seis participantes. Os resultados revelam a importância que o trabalho tem na vida dos artistas circenses, não apenas pelo seu caráter instrumental, de ganho material, mas também por outros aspectos mais subjetivos, como o sentimento de ser importante e fazer a diferença na vida das pessoas. Os achados remetem que os múltiplos sentidos atribuídos ao trabalho são oriundos de experiências e vivências propiciadas pelo encontro desses indivíduos com a realidade do trabalho.

Vai Trabalhar, Vagabundo! Desvio e Estigma no Trabalho do Artista de Rua e suas Implicações Organizativas

“…A ideia era identificar um conjunto de elementos comuns que pudessem evidenciar e explicar como se formam as noções de desvio e estigma no trabalho dos artistas circenses que atuam no semáforo. Tal perspectiva se afasta de uma busca individualista do sentido do trabalho (Colet & Mozzato, 2019;Silva et al, 2020;Werner et al, 2017) e se aproxima da imaginação sociológica (Mills, 1972), que é a busca por tomada de consciência da estrutura social em que acontece o fenômeno investigado. Trata-se de articular situações da realidade e apresentá-las de modo coerente.…”

“…O nosso trabalho contribui para o avanço do debate sobre o tema, considerando a literatura existente, quando busca evidenciar o trabalho dentro de um ordenamento social (uma estrutura), e não apenas como um elemento individual-subjetivo estudado por uma perspectiva psicológica (Aguiar et al, 2016;Colet & Mozzato, 2019;Natt et al, 2019;Silva & Cappelle, 2015;Silva et al, 2020;Werner et al, 2017). Portanto, entendemos que mais do que enunciar como as pessoas se sentem ao realizar um trabalho, especialmente uma atividade que não seja considerada uma profissão (Dubar, 2012), também é importante (re)conhecer que eventuais sentidos do trabalho dependem de uma ordem social e processos organizativos (práticas) com regras e normas, que agrupam e coagem as pessoas para serem reconhecidas como pertencentes (estabelecidos) a um grupo social ou não (outsiders).…”

“…Os debates sobre trabalho são transdisciplinares e acontecem a partir de olhares diversos. No campo da administração, a discussão ocorre predominantemente na área de gestão de pessoas, orientada por uma perspectiva individualista (psicológica-subjetivista) sobre os sentidos do trabalho (Colet & Mozzato, 2019;Silva, Brito, & Campos, 2020;Werner, Girelli, & Dal Magro, 2017) em temas como qualidade de vida no trabalho, carreira e competências. No campo dos estudos organizacionais, as pesquisas sobre trabalho, em geral, são voltadas para a sua precarização e poucos estudos discutem como o trabalho pode ser um meio para entender outros ordenamentos sociais (Graceffa & Heusch, 2017;Siqueira, Dias, & Medeiros, 2019) ou organizações fora das organizações (Ahrne & Brunsson, 2011).…”

“…A nossa contribuição é no campo dos estudos organizacionais, buscando entender como diferentes maneiras de pensar o fenômeno trabalho estão dispostas na estrutura social de forma mais ampla, diferentemente do mainstream da administração, que adota um olhar predominantemente psicológico e individualista do trabalho (Colet & Mozzato, 2019;Werner et al, 2017). Orientados por uma perspectiva de trabalho como processo organizativo, utilizamos as noções de estigma e desvio (Becker, 2008;Elias & Scotson, 2000;Goffman, 2008) e uma posição crítica à racionalidade neoliberal acerca do trabalho (Carmo, Assis, Gomes, & Teixeira, 2021;Dardot & Laval, 2016), com o objetivo de contribuir teoricamente para se pensar o trabalho por uma lógica não tradicional (Bridi et al, 2018;Dubar, 2012) que ajude a entender outras formas de ordenamento social a partir dele.…”

Get a Job, You Tramp! Deviance and Stigma in the Work of Street Artists and Its Organizing Implications

“…Debates about work have transdisciplinary nature and take place from different perspectives. Discussions held in the Business Management field mostly comprise people management issues, from an individualistic (psychological-subjectivist) perspective about the meanings of work (Colet & Mozzato, 2019;Silva, Brito, & Campos, 2020;Werner, Girelli , & Dal Magro, 2017) by taking into consideration topics such as quality of life at work, career and skills. Organizational studies about work overall focus on investigating its precariousness, whereas few studies address how work can be the means to best understand other social orders (Graceffa & Heusch, 2017;Siqueira, Dias, & Medeiros, 2019) or organizations outside organizations (Ahrne & Brunsson, 2011).…”