As pessoas que convivem com HIV/AIDS estão expostas a diversos desafios cotidianos que são transversalizados por multivulnerabilidades que reforçam o preconceito e a discriminação, inclusive, no cuidado em saúde. Nessa perspectiva, este estudo buscou conhecer os modos de produção de vida das pessoas com o diagnóstico de HIV/AIDS e a relação com a vulnerabilidade social. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa e exploratória realizada em um centro de referência entre abril de 2022 e fevereiro de 2024. A produção dos dados ocorreu a partir de entrevistas semiestruturadas e o número de participantes foi definido por saturação teórica. A interpretação dos dados se fundamentou na análise temática, o qual foi alocada os dados em uma trilha interpretativa para a produção da análise. Observou-se que a população que convive com HIV/AIDS, para além do quadro e das complicações clínicas, o contexto e as questões sociais a que as pessoas estão submetidas impactam na experiência do adoecimento e na saúde mental. A população que convive com o HIV é vítima de processos sociais que transcendem o adoecimento e coexistem com os paradigmas que emergem do estigma associado à doença, afetando o cuidado em saúde e as relações sociais. Assim, ainda é presente o medo e o sofrimento diante do preconceito e discriminação, da perda do exercício da sexualidade, da dificuldade para exercer as atividades laborais e da exposição do diagnóstico, emergindo a necessidade de sensibilizar a população sobre a doença, bem como fortalecer as ações de educação permanente e continuada para a qualificação dos profissionais e melhoria da qualidade do cuidado.