OBJETIVO: Determinar o percentual de asmáticos com má percepção da dispneia, correlacionando-a com gravidade da broncoconstrição aguda, hiper-responsividade brônquica, uso de medicação de manutenção e controle da asma. MÉTODOS: Ensaio clínico não controlado com pacientes asmáticos do Ambulatório de Pneumologia do Hospital São Lucas em Porto Alegre (RS). Foram realizados testes de broncoprovocação com metacolina com protocolo dosimetrado em cinco doses, e foi avaliada a percepção da dispneia após cada dose administrada, utilizando a escala de Borg. Dados sobre controle da asma, medicação em uso e uso de broncodilatador de curta ação de resgate foram coletados. RESULTADOS: Dos 65 pacientes incluídos, 53 completaram a avaliação. Desses, 32 (60,5%) apresentaram percepção adequada da dispneia após o teste de broncoprovocação com metacolina, ao passo que 21 (39,5%) não perceberam nenhuma alteração no grau de dispneia mesmo após uma queda de 20% em VEF1. Não houve diferenças significativas entre os dois grupos em relação a VEF1 basal, percentagem de queda do VEF1 e dose de metacolina causadora de queda de 20% do VEF1. Não houve correlação significativa entre percepção da dispneia e idade (p = 0,247), sexo (p = 0,329), uso de medicação de manutenção (p = 0,152), controle da asma (p = 0,562), hiper-responsividade brônquica (p = 0,082) e gravidade da broncoconstrição aguda (p = 0,749). CONCLUSÕES: Uma percentagem significativa dos asmáticos apresenta baixo grau de percepção da dispneia. Os fatores relacionados com a incapacidade de identificação da modificação da função pulmonar não estão bem definidos. A identificação e a orientação desse grupo de pacientes são fundamentais para a redução de morbidade e mortalidade por asma.