Relação entre os condicionamentos operante e respondente no transtorno obsessivo-compulsivo

Abstract

As duas primeiras versões do Diagnostic and Statistical Manual Disorders, nos anos de 1952 e 1968, continham definições inespecíficas e sucintas sobre o transtorno obsessivo-compulsivo. Somente a partir da terceira edição, em 1980, é que foram definidos critérios diagnósticos mais acurados sobre esse transtorno e os seus sintomas. Embora a ciência tenha dado algum avanço nos estudos, a literatura ainda apresenta grande dificuldade em clarificar o transtorno obsessivo-compulsivo sob todas as suas nuanças. Semelhante impasse vive ainda a análise do comportamento, a despeito de ter sido a teoria que mais teve a oferecer ao fenômeno. O objetivo deste ensaio é analisar sob os pressupostos do behaviorismo radical o caso de uma cliente atendida durante estágio clínico. A partir da análise de caso foi lançada uma hipótese sobre os eventos distais implicados no condicionamento dos comportamentos relacionados ao transtorno. Concluiu-se que a instalação dos comportamentos obsessivo-compulsivos da cliente se justifica frente aos condicionamentos operante e respondente por que passou.

modelo experimental do transtorno obsessivo compulsivo baseado em respostas verbais e não verbais

“…Um subtipo de indivíduos com o diagnóstico do transtorno obsessivo-compulsivo, chamados de "checadores" (Franklin & Foa, 2008), por exemplo, parece apresentar uma relação R-R entre respostas abertas e encobertas. Nela, o primeiro elo da díade seria constituído pelas autorregras contidas nas "respostas obsessivas", e o segundo elo, pelas respostas verbal-mente governadas, tradicionalmente concebidas na literatura como sendo as "compulsões" (Abreu & Prada, 2005;Zamignani & Banaco, 2005). De acordo com essa conceituação clássica, os indivíduos poderiam apresentar compulsões de checagem sob o controle de obsessões relacionadas às regras que especificam alguma consequência aversiva, como em uma autoinstrução em que um indivíduo diz a si mesmo que "sua família correrá perigo se não conferir a válvula do gás".…”

“…Existe alguma semelhança entre as relações comportamentais evidenciadas no Experimento 2 e as relações observadas no fenômeno clínico. No transtorno obsessivo-compulsivo, na vigência de um ambiente com pouca estimulação aversiva, pode ocorrer a transposição nos controles das respostas de checagem, com o surgimento de uma consequência positivamente reforçadora (Abreu & Prada, 2005). Poder-se--ia citar, como exemplo de consequência apetitiva, o reforço social normalmente apresentado pela família de uma mãe com transtorno obsessivo-compulsivo que checa repetidamente a segurança de seu bebê no berço.…”

Behavioral models of depression: A critique of the emphasis on positive reinforcement.

“…As a result, the use of aversive control leads to the emergence of any behavior that may have freed the individual of a similar aversive stimulus in the past. For instance, avoidance behaviors are frequently associated with the maintenance of problem behaviors in psychiatric pathologies, as in modeling of compulsive behaviors under contingence of negative reinforcement observed in patients who are obsessive-compulsive (Abreu & Prada, 2004/2005).…”

Efeitos de instruções sobre respostas de checagem

“…Subtipos de indivíduos com o diagnóstico, chamados de "checadores", parecem apresentar essa relação R-R entre pensamentos e comportamentos abertos. Nela o primeiro elo da díade (R-R) seria constituído pelas auto-regras trazidas nos "pensamentos obsessivos" e o segundo elo pelo comportamento governado por regras, normalmente concebido na literatura como sendo constitutivo das "compulsões" (Abreu & Prada, 2004, 2005Zamignani, 2001). De acordo com essa conceituação clássica os indivíduos poderiam apresentar compulsões de checagem sob o controle de obsessões relacionadas às regras descritoras de responsabilidade pessoal, como em uma auto-instrução em que um participante diz a si mesmo que sua família correrá perigo se não conferir a válvula do gás.…”