Relação do uso de álcool e transtornos mentais comuns com a qualidade de vida de pacientes na atenção primária em saúde

Abstract

Resumo Objetivou-se mensurar a Qualidade de Vida (QV) de pacientes da Atenção Primária em Saúde do município do Rio de Janeiro e verificar sua associação com Transtornos Mentais Comuns (TMC), uso de álcool e aspectos sociodemográficos. Trata-se de um estudo transversal com 624 pacientes em 2012/2013 e aplicação dos instrumentos: “General Health Questionnaire”, “Hospital Anxiety and Depression Scale”, “Screening for Somatoform Symptoms”, “Alcohol Use Disorder Identification Test” e “World Health Organization Quality of Life Instrument (bref version)”. Realizou-se análise bivariada (Teste-t) e regressões lineares múltiplas para cada domínio de QV. Os escores QV para os domínios físico, psicológico, relações sociais e meio-ambiente foram: 61,2; 62,6; 66 e 50,9. Na análise multivariada, a QV associou-se negativamente aos TMC, principalmente no domínio psicológico (β = -15,75; p-valor = 0,00), e a dependência no domínio físico (β = -5,38; p-valor = 0,05). Houve associação positiva e significativa da QV com consumo de risco (β = 5,77) e nocivo (β = 6,15) no domínio meio ambiente, e com o primeiro no domínio psicológico (β = 7,08). TMC e a dependência de álcool estão associados à perda da QV, porém outros padrões de consumo, mesmo sendo nocivos, se associaram a maior QV.

People with Suspected COVID-19 Symptoms Were More Likely Depressed and Had Lower Health-Related Quality of Life: The Potential Benefit of Health Literacy

“…In addition, people who did not drink had better HRQoL than those who drank alcohol. The association between alcohol consumption and reduced HRQoL has been found in previous studies [76][77][78]. Healthy eating was associated with a lower likelihood of depression in the current study.…”

Qualidade de vida de usuários de álcool e outras drogas e influências das relações sociais

“…Ao compararmos esses resultados com os de estudos que avaliaram a QV no domínio relações sociais de pessoas não usuárias de substâncias e que estavam em atendimento em serviços públicos de saúde, observamos escores médios superiores, mas que ainda se mantiveram no padrão considerado moderado de QV: a) estudo envolvendo a participação de pacientes de unidade básica de saúde do município de Belo Horizonte não usuários de substâncias resultou em escore médio de 65,2 pontos no domínio relações sociais; (Almeida-Brasil et al, 2017); b) pesquisa que objetivou mensurar a QV de pacientes da atenção primária em saúde do município do Rio de Janeiro e verificar sua associação com transtornos mentais comuns e uso de álcool apresentou escore médio de 66,00 no domínio relações sociais (Santos et al, 2019).…”

“…Estudos indicam que questões relacionadas ao uso abusivo de substâncias podem interferir nos fatores que determinam uma boa QV, elencando desde um estilo de vida desequilibrado a uma piora generalizada do ponto de vista biopsicossocial, decorrente de influências contextuais resultantes da preponderância do meio social sobre o indivíduo, como baixa condição socioeconômica, falta de vínculo familiar, criminalidade e aspectos socioculturais (Cruz, Simioni, & Carmo, 2019;Damasceno et al, 2016;Moreira et al, 2013;Santos, Campos, & Fortes, 2019;Veiga et al, 2016;Zeitoune, Ferreira, Silveira, Domingos, & Maia, 2012).…”

Cuidados de enfermagem ao paciente alcoolista na atenção primária

“…Em face dos princípios do atendimento primário, o vínculo entre profissionais e usuários é necessário para uma aproximação efetiva, de forma que a escuta qualificada é essencial, visto o seu caráter fundamental para a compreensão, diagnóstico e tratamento [4]. Com base nisso, destaca-se que julgamentos morais e práticas embasadas em crenças pessoais entravam a relação profissional/usuário dificultando o vínculo e afetando diretamente a qualidade da assistência.…”

“…O consumo do álcool tem se destacado pela sua relação causal com mais de 200 condições de saúde [3]. Esses agravos se dão pela perda da qualidade de vida do paciente, visto que o consumo exagerado da substância gera prejuízos consideráveis no seu sistema biológico, assim como distúrbios mentais [4].…”