A despeito da Pandemia por Covid-19 e sua morbidade inicial sobre os indivíduos acima de 60 anos ou mais, dados do levantamento Pnad Contínua 2020/2021 mostram que a tendência de envelhecimento da população se manteve no Brasil, dando continuidade ao processo de transição demográfica e epidemiológica dos indivíduos nesta faixa etária, com acentuadas mudanças nos padrões de saúde e doença, bem como em suas alterações relacionadas em aos seus determinantes e consequências. Em 2021 os brasileiros com 60 anos ou mais somavam perto de 31,232 milhões, com 14,909 milhões na região sudeste, correspondendo a 47,7% deste grupo etário. O envelhecimento, enquanto acúmulo gradual de danos e mudanças epigenéticas na estrutura do DNA, caracteriza-se como um processo bastante complexo e heterogêneo, consequência da exposição do indivíduo a fatores intrínsecos e extrínsecos de senescência, impactando fortemente as funções fisiológicas, diminuindo a capacidade do organismo em manter a homeostase em condições de estresse, acarretando assim um risco maior para comorbidades e mortalidade prematura. Ademais, etapas essenciais na higiene bucal e de próteses envolvem habilidades comprometidas neste grupo etário, culminando em saúde bucal precária, com forte impacto na mastigação, deglutição, autoalimentação, bem-estar, qualidade de vida e saúde sistêmica. Nesse grupo etário ressalvam-se o levantamento das Atividades de Vida Diária (AVD), com ênfase às tarefas de auticuidado, e das Atividades Intrumentais de Vida Diária (AIVD), as quais compreendem habilidades complexas para se viver com independência. Com base no exposto, o propósito deste trabalho foi relacionar a incapacidade motora e funcional de indivíduos com 60 anos ou mais à promoção de saúde bucal, com ênfase à população domiciliada nos estados da região sudeste do Brasil. Para tanto, foi realizado estudo transversal descritivo com utilização de dados secundários e de domínio público do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – Pesquisa Nacional de Saúde (IBGE – Pesquisa Nacional de Saúde). A coleta de dados foi realizada de julho a dezembro de 2021. Os resultados apontaram que estão domiciliados na região sudeste 61,6% dos idosos brasileiros com alguma deficiência motora para realizar um ou mais movimentos com os membros superiores, além de 43,6% e 43%, respectivamente, daqueles com limitação funcional para realizar Atividades de Vida Diária (AVD) e Atividades Intrumentais de Vida Diária (AIVD). A região sudeste também respondeu por 42% dos indivíduos com 60 anos ou mais que precisavam de ajuda para realizar AVD e por 42,2% dos que a receberam, estando o maior percentual (75,6%) entre aqueles com renda domiciliar per capita até 2 salários mínimos. Concluiu-se que o comprometimento motor e funcional nos indivíduos com 60 anos ou mais associam diretamente saúde bucal à saúde sistêmca, qualidade de vida e bem-estar. A educação geriátrica deve integrar os Projetos Políticos Pedagógicos dos cursos de graduação em Odontologia, aliando-se à educação continuada, com ampla abordagem das alterações fisiológicas geriátricas, habilidade de comunicação e princípios de gerenciamento de cuidados.