Redução de Danos, insumos e experiência estética: uma análise da prática no consultório na rua do município do Rio de Janeiro

Abstract

O estudo a seguir apresenta a análise da prática de dois profissionais de uma equipe de Consultório na Rua (CnaR) atuando em cenas de uso de crack localizadas nas favelas do complexo do Lins de Vasconcelos, Rio de Janeiro, entre outubro de 2012 e abril de 2013. Descreve e contextualiza acontecimentos no território que contribuem para a compreensão do surgimento da cena de uso no local. Destaca a atuação da Equipe de Consultório na Rua como promotora de acesso e de cuidado continuado de forma itinerante no território, acompanhando pessoas em situação de rua (PSR) e usuários de drogas que frequentam as cenas de uso da cidade. Descreve e discute a oferta da experiência estética enquanto recurso para as práticas em Redução de Danos (RD) em contextos diversos e adversos. Considera a utilização destes recursos uma tecnologia sociocultural produtora de vínculo e de possibilidades para mediar o acesso e a produção de cuidado à PSR e aos usuários de drogas em contextos de vulnerabilidade. Diante das transformações socioculturais quanto ao uso de drogas no século XXI e dos desafios enfrentados pelos redutores de danos a partir do crescimento do consumo de crack nos grandes centros urbanos do país, a experiência estética aqui descrita coloca-se como possibilidade de insumo, como atividade mediadora do trabalho de aproximação, acompanhamento, apreensão das demandas e fortalecimento dos sujeitos individuais e coletivos, para os quais se direcionam as ações em Redução de Danos.Palavras-chaves: Redução de Danos, Crack, Pessoas em Situação de Rua, Integralidade em Saúde, Arte, Cultura.

A atuação do consultório na rua quanto ao acesso da população em situação de rua aos serviços de saúde: uma revisão literária

“…Para Machado et al (2017) cabe ao profissional escutar suas demandas e compreender as reais necessidades de cada usuário para que inicia a construção do vínculo, em consonância, no estudo de Hallais et al (2015) foi identificado algumas estratégias de aproximação, enquanto os profissionais da eCR distribuem copos de água mineral para a população em situação de rua, conversas são desenvolvidas sobre a qual rede social os moradores de rua pertencem, suas preferências e suas formas de sociabilidade. É nessa interação que se estabelecem relações de empatia e se elege qual membro da equipe será referência de cada usuário do serviço (HALLAIS et al, 2015).…”

“…A prática da intersetorialidade requer trabalho multiprofissional e ativação de redes intersetoriais com a Assistência Social, Justiça, Educação, Cultura e Trabalho com o intuito de potencializar os dispositivos do território e implicá-los no cuidado (MACHADO et al, 2017). O CR funciona como porta de entrada no sistema de saúde e é capaz de dar respostas positivas aos seus usuários, nesse sentido, o serviço do CR não pode se tornar simplesmente um lugar burocrático e obrigatório de passagem para outros tipos de serviços (ENGSTROM et al, 2016).…”

Consultório Na Rua: percepções de pessoas atendidas pela equipe multiprofissional

“…Para tanto, é notória a necessidade de criação de vínculo entre os profissionais de saúde e os indivíduos, identificando os agravos, e possíveis danos, que norteiam o trabalho da equipe com esse público (6) .…”

“…A assistência em saúde oferecida pelo CnaR tem um vasto campo de atuação e direciona-se em acolher essa população com demandas tão diversas e complexas, descentralizando suas ações no intuito de não focar somente em ações curativas, mas expandindo suas atividades na promoção em saúde e boas práticas com intuito de resgatar a qualidade de vida dos usuários (6) .…”

“…Orcid https://orcid.org/0000-0003-1224-7601 Email:laisesousasiqueira@gmail.com 5 Enfermeira, Doutora em Enfermagem, Professora Adjunta da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) no Curso de Graduação em Enfermagem, na Pós Graduação em Saúde e Tecnologia (PPGST) e Enfermagem (PPGENF). Orcid: https://orcid.org/0000-0003-0876-3996 Email: livia_mp@hotmail.com 6 Enfermeiro, Doutor em Enfermagem. Professor Adjunto da Universidade do Extremo Sul Catarinense no curso de Graduação em em enfermagem, medicina, residência multiprofissional em atenção básica/saúde da família, saúde coletiva e do Programa de Pósgraduação em Saúde Coletiva [mestrado profissional.…”