Reconsiderando a Tese Da Penalidade Neoliberal: Inclusão Social E Encarceramento Em Massa No Brasil

Abstract

Com base na teoria de Loïc Wacquant, o neoliberalismo tem sido a principal categoria explicativa relacionada à expansão do sistema penal e ao endurecimento das penas, notados a partir dos anos 1970, nos Estados Unidos, e da década seguinte, em diversos países na Europa. Embora inicialmente formulada para lidar com as transformações no sistema de justiça criminal estadunidense, a “penalidade neoliberal” é frequentemente incorporada ao discurso criminológico brasileiro na tentativa de compreender o encarceramento em massa no Brasil. No entanto, as transformações político-econômicas e sociais verificadas em um considerável período do século XXI no país sul-americano são aparentemente ignoradas na literatura criminológica nacional contemporânea. Não por outra razão, por meio de análise de dados secundários referentes à variação de indicadores socioeconômicos – como o IDH, o Índice de GINI e a taxa de desemprego – e do investimento público em distintos setores, o presente artigo identifica limitações para a “importação” da teoria da penalidade neoliberal enquanto teoria capaz de explicar integralmente a contínua expansão do sistema penal brasileiro em tempos de inclusão social.

Mass incarceration in times of economic growth and inclusion? Three steps to understand contemporary imprisonment in Brazil

“…This is illustrated by the fact that the neoliberal penalty thesis and the penal populism argument are the dominant perspectives applied to make sense of mass incarceration in Brazil. 1 However, their application to the Brazilian reality is problematic and very limited (Dal Santo, 2020a, 2020bSozzo, 2016a). This scenario suggests that even scholars from the Global South may look at their countries and 'read it from the centre' (Connell, 2007: 44-46).…”

Economía Política del Castigo en la periferia global: ¿Desde el silencio del norte a las importaciones acríticas?

“…Ilustrando eso, países latinoamericanos han experimentado un aumento en las tasas de encarcelamiento en tiempos de inclusión social (Fonseca, 2015;Paladines, 2016;Hernandez;Grajales, 2016;Azevedo y Cifali, 2017;Sozzo, 2017;Iturralde, 2019;Dal Santo, 2020a), lo que, como veremos a continuación, es aparentemente contrario a los presupuestos de la EPdC. No obstante, es importante decir que este contexto no es necesariamente utilizado para rechazar la EPdC de antemano.…”

“…Utilizando datos secundarios de la realidad brasileña (índice GINI, tasas de desempleo, encarcelamiento y actividades de los presos) y la literatura producida sobre economía política, demuestro cuán útil es la Economía Política del Castigo incluso para los países periféricos, siempre que se evite su importación acrítica y se incluya una perspectiva contextualizada, que resalte cómo los eventos y las características históricas afectan las tendencias del castigo en sus configuraciones regionales contemporáneas. En este sentido, y debido a las limitaciones de espacio, daré prioridad al análisis de la imposición de la disciplina a través de la prisión y no a la cuestión relativa a las variaciones de las tasas de encarcelamiento, ya que he analizado este último punto en otra parte (Dal Santo, 2018;2020a).…”