Realismo e utopia em Robert Michels

Abstract

O artigo aponta e discute as principais influências teóricas e políticas de Robert Michels na construção de Sociologia dos partidos políticos, tentando ir além das fontes mais conhecidas, como Gaetano Mosca, Vilfredo Pareto, Max Weber e Gustave Le Bon. Como Michels não se preocupou em construir definições claras sobre seus conceitos principais, procurou-se extrair a essência de seu raciocínio, apresentando as concepções e influências teóricas predominantes no livro, e destacando as mudanças entre a primeira edição, de 1911, e a segunda, de 1925. Para tanto, realizou-se um estudo das 989 notas explicativas desta segunda edição (além do texto principal em si). Além de discutir as fontes explicitadas no livro, o artigo também esboça uma "análise genética" da obra, levantando alguns fatos biográficos prévios à sua publicação e no intervalo entre as duas edições, e recorrendo, ainda, a outros trabalhos de Michels. Após debater as concepções e críticas do autor sobre democracia, revolução, socialismo, sindicalismo e anarquismo, o artigo termina com um balanço sobre as fragilidades e contribuições da obra de Michels, destacando que a chave para se compreender vida e obra do autor reside em perceber as tensas disjuntivas estabelecidas entre realismo e utopia e entre o Michels militante e o Michels analista.

O espectro da Lei de Bronze: uma reflexão sobre a teoria política de Robert Michels por meio do contextualismo social

“…Como destacado por Ribeiro (2012), o pensamento de Robert Michels vai além da "monocausalidade" com a qual é corriqueiramente reduzido, sendo que seu pensamento é "muito mais complexo do que a assertiva 'quem diz organização, diz oligarquia'." A compreensão abrangente do pensamento de Michels demanda a identificação de diferentes períodos que marcam sua vida pessoal e, consequentemente, o desenvolvimento de sua obra.…”

“…Como militante, a postura de Michels era a de um marxista ortodoxo, crítico radical ao revisionismo e a atuação excessivamente institucional e parlamentarista do partido, que almejava seu fortalecimento enquanto organização partidária e a conquista de cadeiras no Reichstag. Em contraposição, Michels defendia o uso de táticas mais próximas à ação revolucionária direta, bem como a criação de uma corrente do sindicalismo radical do partido (RIBEIRO, 2012).…”

“…Como e porque ler "sociologia dos partidos políticos" no século XXI Como constatado por Ribeiro (2012), tanto Robert Michels quanto sua obra Sociologia dos Partidos Políticos são muito mais citados e evocados do que realmente lidos ou conhecidos. Com o objetivo de superar a "superficialidade e o anacronismo" constantes nas referências à obra e ao autor em questão, propõe-se, neste artigo, uma abordagem pautada na contextualização social de Robert Michels, a fim de possibilitar uma maior compreensão dos conceitos estruturantes de sua obra.…”

A atuação política de elites no exílio: Leonel Brizola no Uruguai e em Portugal

“…Essa tendência pode ser observada ao analisar a trajetória dos partidos políticos que tendem a se adaptar a diferentes contextos visando garantir maior credibilidade e assim potencializar a possibilidade de ganhos em processos eleitorais (RIBEIRO, 2012). Para as carreiras políticas, a coerência também é exigida para o sucesso no jogo político.…”

A fundação do Partido Democrático Trabalhista (PDT) no exílio

“…Além das tradições históricas e dos hábitos nacionais, em seu estudo sobre o Partido Social Democrata Alemão (SPD), Michels aponta a importância das primeiras escolhas do partido político para a compreensão do seu desenvolvimento (Michels apud Ribeiro, 2012). Essa visão é compartilhada por Panebianco (2005), que destaca a relevância da compreensão do processo fundacional.…”