Introdução: O modo de fabricar o queijo Minas artesanal (QMA) na microrregião do Serro foi considerado patrimônio histórico imaterial da humanidade desde 2008. Mesmo produzido a partir de leite cru, foi autorizado para consumo. OBJETIVOS: Estimar a prevalência de Coxiella burnetii em QMA produzido na microrregião de Serro. Métodos: Foram avaliadas as evidências do patógeno (presença de DNA) em queijos de produtores cadastrados no Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), com tempos de maturação de 4 e 8 dias à temperatura ambiente. Resultados: Os resultados da reação em cadeia da polimerase (PCR) e sequenciamento de DNA mostraram que as prevalências de Coxiella burnetii no QMA do Serro foram de 5 (9,43%, IC95% 3,1 a 20,7%) positivas entre as 53 analisadas. Conclusões: Essa foi a primeira vez que esse patógeno, considerado padrão histórico na definição do binômio tempo-temperatura, foi pesquisado nesses queijos de leite cru no Brasil, mas ainda não há legislação nacional específica ou controle para o patógeno no leite cru e seus derivados. Como essa alta prevalência de Coxiella burnetii em queijos analisados pode implicar riscos potenciais à saúde pública, medidas de controle mais rigorosas direcionadas à saúde animal, leite cru e agroindústrias produtoras de leite cru são necessárias para garantir a segurança do alimento.