O artigo tem como objetivo analisar alguns aspectos da proposição de escrita da história do Brasil de José Rodrigues Leite Oiticica (1882-1957) intitulada “Como se deve escrever a história do Brasil”. Ela foi publicada em 1910, na Revista Americana, como uma réplica ao conhecido texto homônimo de Karl Von Martius (1794-1868), premiado pelo IHGB na década de 1840. Tendo em vista a inserção desta proposição em uma conjuntura de crítica a tradição historiográfica romântica corrente no fim do século XIX, pretende-se focar nas inovações conceituais e narrativas sugeridas por José Oiticica, considerando a maneira que elas contribuem para a construção de um olhar sinóptico sobre a história da nação brasileira. Argumenta-se que a demanda por se reescrever a história do Brasil sob novas bases teóricas se apresenta como uma questão de política do tempo na medida em que esta “renovação” pode ser compreendida como um esforço de oferecer elementos, a partir de outro repertório político-intelectual, para se solucionar o problema do “atraso nacional”.